Dois suspeitos são detidos após furto de joias no museu do Louvre em Paris
A França tenta virar a página de um dos episódios mais audaciosos da história recente de seu principal museu. Dois homens foram presos na noite deste sábado, 25, suspeitos de envolvimento no roubo de oito joias históricas do Museu do Louvre, em Paris. As prisões ocorreram após uma semana de intensas investigações que mobilizaram equipes especializadas da Brigada Antibanditismo (BRB) e do Escritório Central de Combate ao Tráfico de Bens Culturais (OCBC).
Segundo o Ministério Público de Paris, um dos suspeitos foi detido no aeroporto Charles-de-Gaulle, enquanto tentava embarcar para fora do país. O outro foi encontrado poucas horas depois, na região metropolitana de Paris. Ambos estão sob custódia e responderão por “furto organizado” e “conspiração criminosa”. A polícia pode interrogá-los por até 96 horas antes de apresentar as conclusões preliminares à Justiça.
O roubo relâmpago
O crime ocorreu na manhã do domingo, 19, pouco depois das 9h30, cerca de meia hora após a abertura do museu ao público. De forma rápida e precisa, os criminosos invadiram a Galeria de Apolo, setor que abriga parte da antiga coleção de pedras preciosas da monarquia francesa, e fugiram levando nove peças. O furto foi notado minutos depois por seguranças, que encontraram uma das joias danificada nas proximidades.
Entre as peças levadas estava a coroa da imperatriz Eugênia, esposa de Napoleão III, uma das joias mais emblemáticas da coleção, composta por mais de 1.300 diamantes e 56 esmeraldas. A ministra da Cultura, Rachida Dati, confirmou que a peça foi encontrada parcialmente destruída, o que reforça a suspeita de que o grupo tentava desmontar as joias para revenda no mercado ilegal.
O ministro do Interior, Laurent Nuñez, classificou o episódio como um “grande roubo” e destacou que os criminosos levaram joias de “valor inestimável”. Segundo ele, o ataque representa uma perda simbólica para o patrimônio cultural francês. “Essas joias fazem parte da história da França e carregam um significado que vai além do seu valor material”, declarou.
As investigações seguem em sigilo, mas fontes próximas ao caso afirmam que a polícia trabalha com a hipótese de um grupo organizado, com conhecimento prévio da estrutura de segurança do museu. Imagens das câmeras internas e dados de acesso de funcionários estão sendo analisados para identificar possíveis cúmplices.
Segurança sob questionamento
O roubo reacendeu críticas sobre o sistema de segurança do Louvre, que já vinha sendo alvo de denúncias internas. Em junho, uma greve de funcionários paralisou as atividades do museu, em protesto contra a superlotação de visitantes e a falta de pessoal. Sindicatos afirmaram que o número de vigilantes era insuficiente para monitorar as mais de 400 salas abertas ao público diariamente.
Enquanto obras como a Mona Lisa são protegidas por vidro à prova de balas e monitoramento constante, outras áreas, como a Galeria de Apolo, contam com vigilância mais limitada. “É inacreditável que um museu desse porte tenha brechas tão evidentes”, disse Magali Cunel, professora e frequentadora do museu.
O episódio também teve desdobramentos políticos imediatos. O líder da extrema direita francesa, Jordan Bardella, utilizou o caso para atacar o governo do presidente Emmanuel Macron, afirmando que o roubo representa “uma humilhação nacional”. “O Louvre é o coração da nossa cultura. Permitir que ladrões escapem com as joias da coroa é o retrato da decadência do Estado”, escreveu Bardella na rede X (antigo Twitter).
Macron ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso, mas o Palácio do Eliseu informou que acompanha as investigações de perto. Integrantes do governo disseram que a segurança dos museus nacionais será revisada após a conclusão das apurações.
Louvre e seus fantasmas históricos
Não é a primeira vez que o Louvre se vê às voltas com furtos e escândalos. O mais célebre ocorreu em 1911, quando a Mona Lisa foi roubada por Vincenzo Peruggia, ex-funcionário que escondeu a pintura sob o casaco. A obra foi recuperada dois anos depois, e o episódio acabou por transformá-la na pintura mais famosa do mundo.
Outros casos ocorreram nas décadas seguintes como o furto de duas armaduras renascentistas em 1983, recuperadas apenas quase 40 anos depois. A própria coleção do museu é alvo de debates históricos sobre a origem de parte das obras, obtidas em campanhas militares napoleônicas.
O Museu do Louvre, que abriga mais de 33 mil obras de arte, é um dos principais cartões-postais da França e símbolo do patrimônio cultural mundial. A invasão e o roubo das joias da coroa abrem um novo capítulo na história da instituição, que agora enfrenta o desafio de recuperar não apenas as peças desaparecidas, mas também sua reputação diante do público e da comunidade internacional.
Enquanto as autoridades francesas mantêm o silêncio sobre os próximos passos, a população parisiense ainda tenta compreender como, em plena luz do dia, um dos locais mais protegidos do planeta pôde ser palco de um dos roubos mais ousados do século.
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