Nova “polipílula” brasileira mostra potencial na prevenção de AVC e demência

Pesquisadores brasileiros desenvolveram um novo medicamento que reúne três substâncias em um único comprimido com o objetivo de reduzir o risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e, possivelmente, prevenir casos de demência. A iniciativa faz parte do estudo Promote, conduzido pelo Hospital Moinhos de Vento (HMV), em Porto Alegre (RS), em parceria com o Ministério da Saúde, por meio do programa Proadi-SUS.

A chamada “polipílula” combina dois medicamentos voltados ao controle da pressão arterial e uma estatina, utilizada para o tratamento do colesterol. A proposta é simplificar o tratamento preventivo e aumentar a adesão dos pacientes, inclusive daqueles que ainda não apresentam quadros graves de hipertensão. Segundo os pesquisadores, pessoas com pressão arterial a partir de 12 por 8 já podem se beneficiar da terapia.

Os testes foram realizados em pacientes com risco considerado baixo a moderado, grupo que representa cerca de 80% dos casos de AVC no Brasil, conforme dados do Conselho Federal de Farmácia (CFF). A neurologista Sheila Martins coordenou o estudo, que apresentou resultados promissores: houve redução significativa da pressão arterial sistólica, melhora nos níveis de colesterol e diminuição da necessidade de outros medicamentos.

Durante o acompanhamento, os voluntários também utilizaram o aplicativo “Riscômetro de AVC”, ferramenta que auxilia na identificação de fatores de risco e promove hábitos saudáveis. Entre os participantes, 82% passaram a reconhecer seus riscos e 71% relataram mudanças positivas no estilo de vida. Os melhores resultados clínicos foram observados entre aqueles que combinaram o uso da polipílula com o aplicativo.

Após nove meses de estudo, os pesquisadores registraram uma queda média de 10 mmHg na pressão sistólica, além de benefícios cardiovasculares relevantes. A expectativa é que, com uso contínuo, o medicamento possa contribuir para a redução de casos de infarto e demência em longo prazo.

A próxima etapa da pesquisa prevê o acompanhamento de mais de 8 mil voluntários ao longo de três anos. Os responsáveis pelo estudo esperam que os dados obtidos consolidem uma nova abordagem preventiva no Sistema Único de Saúde (SUS), voltada ao cuidado integral da população brasileira.

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