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Especialista explica as novas regras migratórias dos EUA impostas por Trump e os impactos para os brasileiros; entenda 

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Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção, a advogada de imigração Luciane Tavares, licenciada em cinco estados norte-americanos e cofundadora da Visalex, revelou, nesta segunda-feira, 6, uma série de mudanças profundas nas políticas migratórias dos Estados Unidos. Segundo ela, o país está adotando uma postura mais rigorosa na concessão de vistos, na fiscalização de imigrantes e na avaliação dos valores pessoais dos solicitantes, com impactos diretos no fluxo migratório e na permanência de estrangeiros em território americano.

“A administração atual está preocupada com o uso indevido de vistos temporários, especialmente o de estudante, como porta de entrada para imigração permanente. Isso não é o propósito desses vistos”, afirmou Luciane.

Ela explicou que há uma proposta em andamento para limitar o tempo máximo de permanência de estudantes internacionais a quatro anos para cursos de bacharelado, além de dificultar transferências entre instituições. “Eles querem evitar que pessoas sem qualificação ou capacidade financeira permaneçam no país usando brechas legais”, completou.

A advogada de imigração Luciane Tavares, licenciada em cinco estados norte-americanos e cofundadora da Visalex | Foto: Divulgação

Segundo a especialista, o governo está buscando atrair pessoas que tenham condições financeiras estáveis e que possam contribuir economicamente com o país. “Eles estão focando em quem consegue gastar nos Estados Unidos. A ideia é evitar que o governo tenha que sustentar quem entra com visto temporário”, disse.

Uma das mudanças mais significativas é a eliminação da prática conhecida como Third Country National Interview (TCN), que permitia que estrangeiros solicitassem vistos em países que não eram os de sua nacionalidade. “Muitas pessoas viajavam para o México ou Canadá para fazer entrevistas consulares. Agora, isso foi eliminado. O solicitante terá que ir ao país de origem, o que tira flexibilidade e aumenta os custos”, explicou.

Luciane também destacou que o governo está utilizando redes sociais como ferramenta oficial para avaliar intenções imigratórias. “Antes era opcional, agora é obrigatório. Eles querem saber se a pessoa realmente não tem intenção de imigrar. Isso inclui comprovação de residência, vínculos com o país de origem e até comportamento online”, disse. Segundo ela, os agentes consulares agora têm obrigação de verificar essas informações e podem usar redes sociais para identificar inconsistências.

Sobre os vistos de trabalho e investimento, a advogada explicou que categorias como H1B, L1 e EB2-NIW estão sob nova análise. “O H1B é visto com cautela porque pode estar tirando empregos de trabalhadores locais. Já os vistos de investidor, como o EB2-NIW, são mais bem recebidos, pois criam empregos e movimentam a economia”, afirmou. Ela alertou que novos solicitantes de algumas categorias precisarão comprovar capacidade financeira mínima de US$ 100 mil, embora isso não se aplique a renovações.

Luciane revelou que houve um aumento expressivo na saída voluntária de imigrantes em situação irregular. “Recebemos um comunicado oficial da imigração informando que mais de dois milhões de pessoas deixaram o país voluntariamente nos últimos meses. Isso é reflexo do medo e da rigidez das novas políticas”, disse. Segundo ela, o foco das autoridades está em pessoas com histórico criminal, mesmo que os crimes tenham ocorrido fora dos Estados Unidos. “Eles estão cruzando informações com outros países. Se a pessoa tem um processo criminal pendente, mesmo que não tenha sido resolvido, isso já pode gerar uma ordem de remoção”, explicou.

Ordens de deportação antigas estão sendo reativadas e executadas. “Muitas pessoas não sabem que têm uma ordem de remoção porque não compareceram à audiência judicial. Hoje, essas pessoas estão sendo localizadas e removidas”, afirmou. Desde 25 de agosto, agentes da imigração passaram a atuar com poderes semelhantes aos de policiais. “Eles podem prender imediatamente se identificarem alguma irregularidade. A agência ICE, que antes era mais passiva, agora tem atuação ativa e rigorosa”, disse.

Luciane também alertou que a imigração está buscando a apreensão de pessoas que estão em situação irregular, especialmente aquelas que cometeram fraude ou apresentaram documentos falsos em entrevistas consulares. “Isso está sendo avaliado com muito mais rigor. Até mesmo casos de pessoas que ficaram fora de status por um período estão sendo analisados com mais atenção”, afirmou.

Ela destacou que o visto de turista está sendo analisado com mais profundidade quanto à intenção real do solicitante. “Se a pessoa vem com visto de turista, mas abre uma empresa que está operando sem funcionários, isso levanta suspeitas. A imigração pode questionar se essa pessoa está realmente cumprindo o propósito do visto”, disse.

Luciane explicou que abrir uma empresa não é proibido, mas há uma diferença entre ser um investidor passivo e operar ativamente um negócio. “Se a pessoa está há um ano e meio nos Estados Unidos com visto de turista e não consegue comprovar vínculos com o Brasil, como emprego ou residência, isso pode ser interpretado como intenção imigratória”, completou.

Questionada sobre os valores que os Estados Unidos estão exigindo dos solicitantes de visto, Luciane foi enfática: “Eles estão cobrando que a pessoa compartilhe dos mesmos valores que o país representa. Isso inclui liberdade de expressão, mas uma liberdade que não coloca em risco a vida ou a integridade de outras pessoas”. Ela explicou que qualquer manifestação que possa ser interpretada como incitação à violência está sendo tratada com extrema seriedade. “Eles não querem ninguém que instigue violência, terrorismo ou atitudes agressivas. Isso é inadmissível”, afirmou.

Além disso, Luciane destacou que a moralidade do indivíduo passou a ser um fator determinante na análise dos pedidos. “Mesmo crimes considerados pequenos, como mentir em uma aplicação de visto, podem ser vistos como inadmissíveis. Se a pessoa diz que não tem familiares nos Estados Unidos, mas na verdade tem, isso é considerado má-fé e afeta diretamente a avaliação da moralidade”, explicou.

Segundo ela, os quatro pilares que os Estados Unidos estão reforçando nas entrevistas consulares são: liberdade, justiça, democracia e representação. “Eles acreditam nesses valores e esperam que quem entra no país também os respeite. Isso inclui o direito ao debate, à expressão, mas nunca à violência”, concluiu.

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