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Сентябрь
2025

Os “maus caminhos” do Brasil aos olhos dos goianos

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A pesquisa AtlasIntel divulgada na última sexta-feira, 26, trouxe não só números que já dão ao eleitor uma ideia de como será a disputa eleitoral em 2026, com intenções de voto para governador e avaliação dos nomes dos pré-candidatos (incluindo o nível de rejeição deles), como também revelou dados, no mínimo, preocupantes sobre como o brasileiro vê o futuro do país.

A pergunta feita pelo instituto a 2,8 mil pessoas entre 17 e 23 de setembro é um tanto quanto vaga, precisamos admitir. “Na sua opinião, o Brasil está atualmente seguindo um bom ou mau caminho?”. Por óbvio, o questionamento teve como objetivo trazer a visão dos rumos políticos do país, que tem como consequência direta a qualidade de vida da população. Mas em se tratando de política, quanto mais delimitado o campo de análise, melhor a compreensão do resultado.

Seja como for, a pesquisa apontou que o brasileiro não está nada feliz com os caminhos que o país trilha. Conforme o levantamento, 59% dos entrevistados disseram que o Brasil segue um “mau caminho”, enquanto apenas 37% acreditam que o país envereda por um “bom caminho”. 4% dos entrevistados não souberam responder.

A mesma pesquisa mostra que o presidente da República, Lula da Silva, é a figura política com a maior rejeição no estado de Goiás. Enquanto 55% dos entrevistados responderam ter uma imagem negativa dele, 56,1% afirmaram que “não votariam de jeito nenhum” no chefe do Executivo federal.

É fácil deduzir que o pessimismo do goiano com os rumos do Brasil pode estar intrinsecamente ligado à avaliação – negativa – de como o presidente conduz o país. Isso porque o levantamento também pergunta: “E quanto ao estado de Goiás?”, ainda sobre os caminhos trilhados. Nesse quesito, no entanto, 76% dos goianos entrevistados disseram que o estado segue um “bom caminho”, enquanto somente 15% afirmaram que Goiás está em um “mau caminho”. Não souberam responder representam 9%.

Ou seja: o goiano está satisfeito com o “andar da carruagem” de seu estado, mas não de seu país como um todo.

Como dito, a vacuidade de um questionamento tão conciso dá abertura para interpretações, uma vez que grande parte dos efeitos do Poder Público sobre a qualidade de vida do cidadão vem, especificamente, do Legislativo.

Leia-se: em Goiás, Executivo e Legislativo estão em consonância. Os projetos da governadoria considerados importantes para o estado são analisados sem grandes empecilhos na Assembleia Legislativa. A oposição não é oposição por pirraça, enquanto a base leva a sério o papel de priorizar projetos de interesse do Executivo e cujos efeitos precisam ser discutidos sem delongas. O Propag, a regulamentação da Inteligência Artificial e do setor mineral são alguns exemplos recentes de propostas que foram analisadas e votadas sem qualquer travamento na Alego, e como deve ser.

Independente da aprovação e rejeição, o que se discute aqui é a priorização de projetos, de fato, relevantes para a população.

Já em âmbito federal, a história é outra. No fim de semana passado, as ruas de mais de 40 cidades do Brasil se encheram de milhares de cidadãos furiosos com a tentativa do Congresso Nacional de fazer passar uma PEC que blindava os parlamentares das punições da lei e, na prática, dava carta branca para o cometimento de crimes, uma vez que um processo criminal ficaria condicionado a uma votação entre os pares.

Inevitavelmente, a resposta das ruas fez com que a infame PEC da Bandidagem fosse enterrada. No entanto, a situação expôs mais uma vez quais são as prioridades escolhidas por um Congresso que parece viver dentro de seu próprio umbigo.

Enquanto isso, o governo federal patina para articular a aprovação na Câmara dos Deputados da isenção total do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, e parcial para quem recebe até R$ 7,3 mil. O relator do projeto, deputado federal Arthur Lira, garante que há unanimidade na Casa para aprovar a proposta.

Contudo, não há dúvidas de que, ao longo da tramitação, o governo terá que tirar “muitos anéis dos dedos” para afagar os parlamentares e ainda lidar com uma oposição que está mais preocupada em tumultuar o Legislativo e fazer vídeos lacrativos para as redes sociais do que verdadeiramente discutir os interesses do país. Tudo isso para que seja votado um projeto que, em tese, deveria ganhar atenção exclusiva tão logo chegasse à Casa de Leis.

A rejeição do presidente da República em Goiás e a aprovação expressiva dos rumos do estado, conforme mostra a pesquisa AtlasIntel, dão a entender que, para os goianos, a gestão federal é o grande protagonista do pessimismo quanto aos caminhos que o país trilha. Entretanto, desconsiderar o papel de Legislativo, que parece dar braçadas nos mares do fisiologismo, na formação dessa ideia é pura ingenuidade.

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