Vereadora cobra eficiência da Prefeitura na aplicação dos R$ 267 milhões destinados à Marginal Botafogo
As fortes chuvas que atingiram Goiânia nesta semana expuseram mais uma vez a fragilidade da infraestrutura urbana da capital. Caos no trânsito, lixo arrastado pelas enxurradas e dezenas de pontos de alagamento evidenciaram que a cidade ainda não está preparada para enfrentar os períodos chuvosos. A situação reacendeu o debate sobre os investimentos anunciados para a requalificação da Marginal Botafogo, que deve receber R$ 267 milhões do governo federal, via Novo PAC, na modalidade de Prevenção a Desastres Naturais – Drenagem Urbana.
Em entrevista ao Jornal Opção, a vereadora Kátia Maria (PT) reconheceu o gesto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com Goiânia, mas fez críticas à condução da Prefeitura. “A cidade realmente não está adaptada. Pelo contrário, houve um adensamento exacerbado, poucas áreas de permeabilidade foram preservadas e, além disso, a coleta de lixo não tem sido eficiente. Na chuva de 70 milímetros desta semana, o que se viu foram sacos de lixo sendo arrastados pelas ruas e entupindo bocas de lobo. Então, de um lado temos uma cidade muito pavimentada e, do outro, uma gestão ineficiente da infraestrutura de galerias pluviais”, afirmou.
Segundo a parlamentar, Goiânia possui mais de 100 pontos críticos de alagamento, e o Córrego Botafogo se tornou símbolo do problema. Ela defendeu a adoção de projetos de “Cidade Esponja”, que privilegiam soluções baseadas na natureza, como áreas permeáveis e espaços de absorção da água da chuva. “Só as galerias não suportam mais o volume de água. Com as mudanças climáticas, as chuvas deixaram de ser espaçadas e passaram a cair em volumes intensos, acima da capacidade da cidade. É insustentável termos um córrego margeado por uma avenida de alto impacto, como a Marginal Botafogo, sem áreas naturais de absorção”, destacou.
Sobre a liberação dos recursos, Kátia explicou que ainda há um caminho burocrático até o início das obras. “A Prefeitura precisa apresentar os projetos. Uma vez aprovados, haverá processo licitatório e contratação da empresa. É um trâmite que leva tempo, por isso defendemos acompanhar de perto a aplicação desses recursos. Eles precisam ser investidos dentro do parâmetro da Cidade Esponja, e não apenas em galerias tradicionais”, alertou.
Para a deputada, pensar em “resolver o problema de uma vez por todas” na Marginal Botafogo exige repensar o modelo da via. “Ali é um curso d’água. O correto seria transpor a avenida de trânsito rápido para uma paralela e recuperar as margens do rio. Mas isso não parece estar no horizonte da Prefeitura. Enquanto isso, o que pode ser feito é adaptar as áreas vizinhas, como estacionamentos, para funcionarem como pontos de absorção da chuva e diminuírem a pressão sobre o córrego”, disse.
Kátia também criticou a rejeição, pela base aliada do prefeito Sandro Mabel (UB), de emendas apresentadas no Plano Plurianual (PPA) que previam obras de infraestrutura contra alagamentos. “Infelizmente, nossas emendas foram rejeitadas, inclusive uma que previa parceria no projeto de recuperação do Rio Meia Ponte. Apesar disso, tenho trabalhado para criar legislações, como o Fórum Goianiense de Mudanças Climáticas, o projeto Cidade Esponja e os bueiros inteligentes. Além disso, destinei mais de R$ 1 milhão em emendas para essa pauta ambiental, incluindo a criação de uma sala de controle da Defesa Civil com câmeras em pontos críticos de alagamento”, relatou.
A deputada concluiu ressaltando que a solução para os alagamentos exige planejamento de longo prazo e responsabilidade na execução dos investimentos. “Não se resolve esse problema brigando com a natureza. Precisamos adaptar a cidade às mudanças climáticas, com inteligência e compromisso ambiental. Essa será a única forma de garantir segurança à população goianiense”, completou.
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