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Corvos se vingam de humanos e mantêm rancor por até 17 anos

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Pesquisas recentes mostram que os corvos têm a habilidade de reter ressentimentos e retaliar humanos por longos períodos, com evidências sugerindo que podem se vingar de ofensas até 17 anos após o ocorrido. Esses pássaros, notórios por sua astúcia, conseguem memorizar os rostos das pessoas que os ofendem e responder com ataques, evidenciando uma interação complexa entre humanos e aves.

Os corvos, que pertencem à família Corvidae, têm se tornado foco de estudos sobre suas capacidades cognitivas e comportamentais. Um dos registros mais abrangentes de ataques de corvos globalmente é mantido pelo site CrowTrax, que, em 2019, contabilizou mais de 5 mil incidentes. Na cidade de Vancouver, no Canadá, foram documentados cerca de 8 mil ataques desde o início da monitoramento em 2016. Esse comportamento agressivo assemelha-se ao retratado no filme “Os Pássaros”, de Alfred Hitchcock, no qual as aves atacam violentamente os humanos.

Gene Carter, um especialista em computação residente em Seattle, é um exemplo de alguém que sofreu as consequências da hostilidade dos corvos. Durante quase um ano, os pássaros o perseguiam, empoleirando-se nas janelas de sua residência e observando seus movimentos. Carter relata que, ao se movimentar pela casa, os corvos o encaravam, e, ao sair para o carro, eles mergulhavam sobre ele, passando a poucos centímetros de sua cabeça. O estopim para tal perseguição foi um incidente isolado: Carter lançou um ancinho para afastar os corvos de um ninho de outra ave.

Quando um bando escolhe um alvo, a perseguição pode se estender por mais de uma dúzia de anos. Esse ressentimento pode ser transmitido entre gerações, indicando que a animosidade é um sentimento duradouro que pode ser compartilhado entre os membros do grupo. O professor John Marzluff, da Universidade de Washington, que investiga a interação entre humanos e corvos, afirma que essas aves possuem a capacidade de reconhecer e memorizar rostos, mesmo em meio a grandes multidões.

No decorrer de sua pesquisa, Marzluff, que apelidou os corvos de “macacos voadores” devido à sua inteligência superior, conduziu um experimento em 2006. Ele capturou sete corvos utilizando uma máscara de ogro e os libertou. Com o passar do tempo, ele e sua equipe observaram o comportamento dos corvos em relação à máscara. O pico de hostilidade ocorreu cerca de sete anos após o experimento, quando metade dos corvos reagiu com gritos agressivos ao avistar a máscara. Com o tempo, a reação diminuiu, e, em setembro, Marzluff encontrou corvos que o ignoraram completamente.

Outro estudo, realizado pelo cientista cognitivo Christian Blum, da Universidade de Viena, em um experimento semelhante, demonstrou que os corvos podem manter lembranças de experiências negativas por longos períodos. Em sua pesquisa, Blum usou uma máscara para apresentar um corvo morto a outros corvos e, em seguida, passou por um corredor de gaiolas com uma máscara diferente. Os pássaros reagiram com gritos à “máscara perigosa” com muito mais frequência do que à máscara comum, indicando que a memória do incidente se manteve ao longo dos anos.

Esses estudos indicam que, ao provocar corvos, os humanos não apenas enfrentam a hostilidade imediata dessas aves, mas também podem lidar com consequências que perduram por gerações. A inteligência dos corvos, que inclui a capacidade de imitar a fala humana, usar ferramentas e realizar desafios lógicos, destaca a complexidade de suas interações sociais. À medida que novas pesquisas são realizadas, os cientistas continuam a explorar as habilidades cognitivas e comportamentais desses pássaros, revelando uma nova dimensão na compreensão da vida animal.

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