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Conheça a verdadeira história por trás da famosa “Loira do Banheiro”

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Popular entre as lendas urbanas brasileiras, a “Loira do Banheiro” continua provocando arrepios e curiosidade, especialmente entre estudantes que evitam os banheiros escolares após ouvir histórias sobre a assombração. Segundo a lenda, o espírito de uma mulher loira, vestida de branco, surge depois de um ritual que inclui xingamentos e descargas. No entanto, poucos conhecem a origem documentada dessa história, que remonta ao século 19.

Com o Halloween, a lenda ganha ainda mais destaque, revelando as raízes do mito em uma figura histórica real: Maria Augusta de Oliveira Borges, uma jovem aristocrata com uma vida marcada por tragédias e mistérios.

A lenda da “Loira do Banheiro” é, na verdade, inspirada em uma personagem histórica, Maria Augusta de Oliveira Borges. Filha do Visconde de Guaratinguetá, uma cidade no Vale do Paraíba, em São Paulo, Maria Augusta viveu uma vida de luxos e tragédias. Aos 14 anos, foi forçada a se casar com Dutra Rodrigues, um homem influente e bem mais velho, o que era comum na época, mas resultou em uma vida de infelicidade para a jovem.

Aos 18 anos, Maria Augusta vendeu suas joias e fugiu para Paris, em busca de liberdade. Lá, viveu de forma independente, até que, aos 26 anos, faleceu de maneira misteriosa, supostamente devido à raiva humana, ou hidrofobia, doença comum na época. A morte de Maria, no entanto, sempre deixou perguntas no ar, uma vez que seu atestado de óbito desapareceu, alimentando ainda mais o mistério que a cerca.

Após a morte de Maria Augusta, sua família decidiu trazer o corpo da jovem de volta ao Brasil. Durante o período de luto, o corpo foi mantido em uma urna de vidro no casarão da família, permitindo que os moradores da cidade a visitassem. Sua mãe, Amélia Augusta Cazal, relutava em enterrá-la, motivada por arrependimentos e uma ligação profunda com a filha. No entanto, segundo relatos da época, Amélia começou a ter visões de Maria Augusta, que suplicava para ser sepultada.

Eventualmente, a família decidiu enterrar Maria Augusta, mas não antes que diversos eventos sobrenaturais fossem relatados no casarão. Funcionários e visitantes afirmavam ouvir música de piano e sentir o perfume de rosas brancas, que Maria usava frequentemente. Essas histórias logo se espalharam, e o casarão, mais tarde transformado na Escola Estadual Conselheiro Rodrigues Alves, ganhou fama como um local assombrado.

O incêndio e o crescimento da lenda

Em 1916, a escola sofreu um incêndio de origem desconhecida, evento que muitos associaram ao espírito de Maria Augusta. O fogo que atingiu parte do prédio reforçou a crença de que o local era assombrado, e os relatos de aparições começaram a crescer. Os estudantes passaram a dizer que o espírito de Maria Augusta andava pelos banheiros, aparecendo em espelhos e abrindo torneiras, numa busca eterna para saciar sua sede — um suposto efeito da raiva, doença que causa intensa desidratação.

O ritual de invocação da “Loira do Banheiro”, popular em escolas de todo o Brasil, começou a ganhar forma. Segundo a lenda, para chamar o espírito, basta entrar no banheiro e realizar uma sequência de atos: bater a porta, xingar, acionar a descarga três vezes e esperar pelo som ou pela visão do espírito de Maria Augusta. Esse rito, uma versão brasileira da famosa lenda urbana “Bloody Mary”, rapidamente se espalhou, adaptando-se de acordo com as peculiaridades de cada região.

O impacto da lenda 

A lenda da “Loira do Banheiro” tem se mantido viva, especialmente entre os jovens, e se tornou um elemento cultural presente em diversas escolas brasileiras. Para a roteirista e diretora Priscilla Cabett, que produziu o curta-metragem “Loira do Banheiro: o Verdadeiro Terror da História”, a figura de Maria Augusta representa muito mais do que uma simples lenda.

“Ela cresceu em uma família aristocrática, e acredito que por sua personalidade o Visconde se antecipou com o casamento para impor limites”, reflete Cabett, que ressalta acreditar que Maria Augusta buscava por liberdade. 

Até hoje, a Escola Estadual Conselheiro Rodrigues Alves continua sendo palco de histórias que afirmam a presença do espírito de Maria Augusta. Estudantes e funcionários relatam eventos diversos, desde ruídos estranhos nos corredores até o som de passos nos banheiros vazios. Há quem afirme sentir um aroma súbito de rosas brancas, o perfume favorito de Maria, especialmente nos meses próximos ao Halloween, quando o imaginário popular em torno de histórias de terror e mistérios sobrenaturais se intensifica.

O túmulo de Maria Augusta, localizado no Cemitério dos Passos, em Guaratinguetá, é aberto à visitação pública.

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