Bolsonaro e Zema, defensores da boa moral e dos bons costumes, seguirão com Fred após comprovação de mentira à Justiça?
“Sim, sou formado. Pra ajudar o Sandro pra ele não precisar ficar perdendo tempo procurando documentos, vou subir agora nos stories nossa grade curricular completa do curso de Direito na PUC”. A afirmação foi feita pelo candidato a prefeito pelo PL, Fred Rodrigues, no final do segundo bloco do debate promovido pela Record Goiás, no último dia 19 de outubro, em resposta a um questionamento do candidato Sandro Mabel sobre sua formação superior, conforme declarado à Justiça Eleitoral. Acontece que, apesar de contundente, a informação não é verdadeira.
Apesar de ter cursado as disciplinas do curso de Direito, Fred Rodrigues, conforme documento obtido pela reportagem com exclusividade, não o concluiu. Destaca-se: é considerado concluído um bacharelado quando há a integralização do currículo disciplinar (incluindo estágio e trabalho de conclusão de curso (TCC)) e a colação de grau, com a consequente emissão do diploma/atestado de conclusão. Logo, mesmo que o universitário tenha cursado todas as disciplinas do curso, caso todas as etapas não tenham sido cumpridas, a formação é considerada incompleta. No caso em questão, segundo o documento, o Fred deixou de cumprir a quantidade de 200 horas complementares, e não finalizou a graduação.
Em tempo: o problema não está, nem de longe, em não ser formado (e a situação não é impeditiva para um cargo eletivo como o de prefeito). O problema é a informação “equivocada” ter sido repassada à Justiça Eleitoral, o que configura crime, segundo especialistas ouvidos pelo Jornal Opção.
Questões jurídicas à parte, traz-se à tona a questão moral. Fred, tendo como principal cabo eleitoral o ex-presidente Jair Bolsonaro – que desde o início da campanha esteve com o candidato duas vezes no palanque e prepara uma terceira, no fim de semana da eleição -, porta-se como representante da “verdadeira direita”, conservador e defensor dos bons costumes (atributos que, definitivamente, não se associam ao apontado ato de mentir à Justiça Eleitoral). E se “Fred é Bolsonaro, e Bolsonaro é Fred”, jargão que circula a plenos pulmões na campanha do candidato a prefeito, o ex-presidente assumirá o ônus e o desgaste que explodem, agora, com a notícia da mentira de Fred à Justiça Eleitoral?
Leia-se: mesmo sem mandato (e sem possibilidade de voltar a ter um, uma vez que ele está inelegível), Bolsonaro tem consciência do grande capital eleitoral e político dos quais ainda usufrui. Agora, o ex-morador do Palácio do Alvorada deverá fazer uma escolha: ou se descola de imediato da candidatura de Fred, usando a situação como prova de que sua indignação não é seletiva, ou se mantém como cabo eleitoral e entrega à oposição a munição perfeita: o discurso de defesa dos bons costumes é isso, um discurso, e “serve somente para eles, e não para nós”.
Do mesmo modo, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, do partido Novo. Disse ele em sua visita a Goiânia, neste mês, em apoio a Fred Rodrigues: “Goiânia tem uma decisão muito importante: se quer um político jovem, que veio para mudar os vícios da velha e má política definitivamente, ou se quer continuar com os mesmos de sempre”.
Fiel a Bolsonaro e ao bolsonarismo (o governador é, inclusive, cotado para receber a “bênção” do ex-presidente na corrida ao Planalto em 2026), Zema segue a cartilha na íntegra da “defesa dos bons costumes”. Surge novamente a dúvida, aquela mesma aplicada a Bolsonaro: o governador mineiro seguirá com o apoio a Fred, ou se afastará na tentativa de manter preservado a pompa adquirida de guerreiro da boa moral? Façam suas escolhas e definam suas jogadas, bolsonaristas aguerridos: o eleitorado, atento, aguarda.
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