Líbano, uma narrativa distorcida
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Passei as últimas quatro décadas ouvindo piadas sobre meu povo. Às vezes simpáticas, outras vezes nem tanto. Ouvi relatos imprecisos sobre o meu país, tanto geograficamente quanto historicamente. Superei o trauma de ser chamada de muitas nacionalidades, menos a minha. Fingi não escutar palavrões mal pronunciados na minha língua e comi muita comida "da sua região", mal temperada. E fiz tudo isso com um sorriso no rosto para agradar meu interlocutor, meu anfitrião; afinal, eu estava pedindo refúgio em sua casa.
Esforcei-me para aprender sua língua e falá-la sem sotaque; para apreciar suas danças, sua música e sua visão de mundo, ainda que nem sempre fizessem sentido para mim. Vivi tudo isso em silêncio, porque havia uma causa maior: refazer minha vida e criar novas raízes. Hoje, ao ver o lugar onde nasci à beira de perder sua identidade, sua razão de ser e seu significado para o mundo, sinto que cometi um erro. Um erro irreparável. Deixei a verdade passar longe e permiti que minha adaptação ao novo lar dominasse a narrativa. Leia mais (10/16/2024 - 22h00)
Esforcei-me para aprender sua língua e falá-la sem sotaque; para apreciar suas danças, sua música e sua visão de mundo, ainda que nem sempre fizessem sentido para mim. Vivi tudo isso em silêncio, porque havia uma causa maior: refazer minha vida e criar novas raízes. Hoje, ao ver o lugar onde nasci à beira de perder sua identidade, sua razão de ser e seu significado para o mundo, sinto que cometi um erro. Um erro irreparável. Deixei a verdade passar longe e permiti que minha adaptação ao novo lar dominasse a narrativa. Leia mais (10/16/2024 - 22h00)