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Centrão busca redenção após péssimos resultados eleitorais em Goiás

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O PSD foi o partido que conquistou mais prefeituras brasileiras nas eleições de 2024: foram 887 prefeitos do Partido Social Democrático eleitos (230 a mais do que nas eleições de 2020), ou 15% de todas as prefeituras do país. Entretanto, em Goiás, o contrário aconteceu. O PSD, que desde 2020 tem dez prefeituras no estado, passará a comandar apenas três em 1º de janeiro de 2025. 

As eleições de 6 de outubro confirmaram uma “profecia’” que fez Vilmar Rocha, ex-presidente do PSD, em entrevista ao Jornal Opção em 29 de setembro, uma semana antes da apuração dos votos. Cinco vezes deputado federal, o experiente político  enxergou com antecedência a redução de seu partido por mais de um sintoma. Ele afirmou: “Tanto no Executivo quanto no Legislativo, o PSD vai sair menor dessas eleições em Goiás, incluindo Goiânia.”

A anomalia estadual não se aplica aos outros partidos que se destacaram nacionalmente — MDB, PP, UB e PL são as siglas que mais fizeram prefeituras depois do PSD. Eles também tiveram excelentes desempenhos em Goiás. Vejamos em uma breve tabela comparativa entre o número de prefeitos eleitos no Brasil (que tem 5.565 municípios) e Goiás (que tem total de 246 municípios):

PartidoPrefeituras no BrasilPrefeituras em Goiás
PSD8873
MDB85642
PP75224
União Brasil58993
PL55226
Republicanos4372
PSB3103
PSDB2737
PT2504
PDT15011
*Candidatos que foram para o segundo turno estão considerados como eleitos

Além do PSD, o Republicanos também não manteve em Goiás a tendência de crescimento que apresentou em nível nacional. O partido da Igreja Universal do Reino de Deus aumentou em mais de 200% seu número de prefeituras no Brasil, mas, em Goiás, encolheu de seis para duas prefeituras. 

Quais são, afinal, as razões para o encolhimento desse Centrão em Goiás, na contramão do país? “Em 2018, o PSD decidiu ser independente do governo estadual. Em 2020, lançamos candidatos a prefeito em quase todas as cidades goianas”, diz Vilmar Rocha, que, naquela data, dirigia o partido estadualmente. Ele explica que o PSD ficou quatro anos completamente fora do governo. 

Em 2022, por outro lado, o PSD fez uma aliança com o governo estadual, o que levou lideranças do partido a dirigem estatais (como Francisco Júnior, diretor da Codego). Em 2024, a sigla deixou de lançar candidatos próprios para apoiar a base governista em cidades de interior; ao mesmo tempo em que o próprio presidente do partido, Vanderlan Cardoso, se lançou como concorrente da base na Capital.

Para Vilmar Rocha, esse comportamento dúbio explica a razão de o PSD ter ficado marcado com uma pecha fisiologista, enquanto o PP (partido do extremo Centrão) se saiu bem nas eleições em Goiás. “Acredito que um dos grandes problemas do PSD — e sou crítico com a relação desde o início — é que um partido político tem de ter minimamente uma linha programática. O partido precisa querer dizer alguma coisa. ‘Olha, defendemos isso, por isso e isso.’ Partidos hoje, incluindo o PSD, são muito pragmáticos, eles se adaptam à conveniência eleitoral do momento, sem o mínimo de coerência programática.”

Durante toda a pré-campanha, houve confusão quanto ao lado escolhido por partidos como PSD e Republicanos. A confusão no PSD se explica pelo fato de que o partido é dividido — Francisco Júnior cobrou publicamente que Vanderlan desistisse da candidatura em troca da oportunidade de o partido indicar seu vice. No Republicanos, ex-partido do prefeito Rogério Cruz, a dubiedade existiu porque, para preservar indicações de cargos na Prefeitura de Goiânia, a sigla “fez de conta” que apoiava Rogério até o último instante, quando mudou para o lado de Mabel (UB).  

Não por acaso, os dois partidos de centro com intenções menos transparentes e mais convenientes tiveram pior desempenho eleitoral. Não se trata de uma “punição” dos eleitores ao fisiologismo — até porque, em eleições municipais de cidades pequenas, o eleitor comum provavelmente não liga para a pureza ideológica do candidato. O mal desempenho é fruto da lógica. Sem grupo político coeso e bem definido, não se tem presença no “Goiás profundo”. 

Oportunidade de redenção

Na tarde desta sexta-feira, 11, Vanderlan Cardoso declarou apoio a Sandro Mabel no segundo turno das eleições municipais. Da perspectiva do PSD, o movimento é sábio, não porque reforça o alinhamento situacionista, mas porque, em todo o Brasil, partidos de centro têm se mostrado uma alternativa forte contra o extremismo de candidatos do PL. É, afinal, uma oportunidade para o Partido Social Democrático angariar capital político e se redimir de um ano eleitoral ruim em Goiás. 

Em São Paulo, a vantagem do prefeito Ricardo Nunes (MDB) revelada em pesquisas ao longo desta semana indica que o candidato de centro-direita absorveu os votos de Pablo Marçal (PRTB). Trata-se de um bloco unido por rejeição à esquerda de Guilherme Boulos (PSOL), que não parece herdar votos fora da esquerda — até eleitores de Tábata (PSB) devem ter migrado em parte para Nunes, mostram as pesquisas.

Em contrapartida, em Belo Horizonte, Bruno Engler (PL), mais extremado à direita, empurra eleitores de todos os outros candidatos para seu adversário no segundo turno, Fuad Noman (PSD), em primeiro nas pesquisas. Movimento semelhante pode acontecer em Goiânia. Como Engler, Fred Rodrigues (PL) é um bolsonarista radical sem administrações no histórico; como Noman, Mabel é um gestor com um currículo. Enquanto ideias extremadas espantam o centrão; a previsibilidade o atrai.

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