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Октябрь
2024

Academia Goiana de Letras lança antologia dos candangoianos

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Luiz Aquino

Especial para o Jornal Opção

A palavra candango nomeia os mais de 60 mil trabalhadores que participaram da construção de Brasília, cantados por Vinicius de Moraes na Sinfonia da Alvorada. Por extensão, candango passou a designar também os habitantes de Brasília. 

O presidente da República Juscelino Kubitschek (que foi senador por Goiás) se considerava um deles. No discurso de agradecimento de 20 de abril de 1960, que dirigiu aos construtores da nova capital, JK citou o termo candango cinco vezes.

José Luiz do Nascimento Sóter: poeta | Foto: Ed Alves/CB|DA Press

Domina a Praça dos Três Poderes a escultura “Os Candangos”, de Bruno Giorgi. Na UnB há um Auditório Dois Candangos, com esse título em homenagem a dois peões que morreram num acidente da obra. Ao lado do Núcleo Bandeirante, o primeiro acampamento de trabalhadores da cidade, tem a Candangolândia, uma região administrativa (equivalente a um bairro) de Brasília.

Por fim, do caldeirão etnográfico que modelou a cidade, saiu um dialeto próprio, o “falar candango”, estudado por Stella Maris Bortoni-Ricardo, entre outras linguistas da UnB. A expressão “Aí, véi!” entrega os brasilienses em qualquer parte do País.

A hora e a vez dos candangoianos

Salomão Sousa: poeta e crítico literário | Foto: Arquivo pessoal

Aqui entram os goianos, agora chamados candangoianos, os primeiros trabalhadores do Quadradinho recortado do Estado de Goiás para a edificação da Capital da Esperança. Os candangoianos levaram de Anápolis e Goiânia tijolos, telhas, ferragens, fiações, manilhas, e até a grama que atapetou a Esplanada dos Ministérios.

São também candangoianos os primeiros poetas dessa “terra-poesia de canções”, no dizer de Vinicius de Moraes. Entre eles o jataiense José Godoy Garcia (1918-2001), que morou na cidade desde a implantação dos primeiros canteiros de obras, em 1957.

Vinte anos depois de José Godoy Garcia, José Luiz do Nascimento Sóter, de Catalão, adotou Brasília como lar. Foi pioneiro da Geração Mimeógrafo dos poetas marginais da cidade, que produziam livrinhos artesanais, vendidos nos bares, de mão em mão. Com a experiência, profissionalizou-se e criou a Semim Edições. Foi dele a iniciativa de reunir na antologia “Candangoianos na Poética Brasiliense” oito poetas de origem goiana (três mulheres, cinco homens) que se tornaram brasilienses, além de outros quatro já encantados.

O livro será lançado na terça-feira, 15, na Academia Goiana de Letras (Rua 20, nº 175, Setor Central), a partir das 17h.

São bem variados os temas e as faturas dos vates candangoianos. Têm em comum os laços que os amarram à terra, à gente e aos costumes de Goiás. O gosto do pequi, por exemplo. Prestando atenção, ainda se percebem os resíduos de seus erres retroflexos, presentes em palavras como porta, porca e corgo.

Estão na antologia, por ordem alfabética: Antônio Carlos Queiroz (ACQ), Anápolis; Angélica Torres Lima, Ipameri; Antônio da Costa Neto, Silvânia; Augusto Niemar, Goiânia; Ismar Lemes, Rio Verde; Lourdes Teodoro, Formosa; Nilva Souza, Anápolis; Salomão Sousa, Silvânia; José Luiz do Nascimento Sóter, Catalão.

Os poetas pioneiros homenageados na antologia são: José Godoy Garcia, Jataí; Guido Heleno, Anápolis; Paulo Tovar, Catalão; Mira Alves, Luziânia.

Luiz de Aquino é poeta, prosador e crítico literário.

Serviço

Lançamento da antologia Candangoianos na Poética Brasiliense

Dia 15, terça-feira, às 17h

Academia Goiana de Letras – Rua 20, nº 175, Setor Central

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