Programas eleitorais focam em narrativa pessoais dos candidatos e se repetem na forma e conteúdo
Em Goiânia, os candidatos que disputam o Paço Municipal optaram por abrir os programas eleitorais pelo o que as estratégias de marketing chamam de construção de reputação. A tática, para a maioria dos candidatos, foi contar um pouco da suas histórias, carreiras políticas e ligação com a cidade, deixando pouco ou quase nenhum espaço para as propostas.
Os programas foram exibidos na televisão e rádio a partir da última sexta-feira, 30, quando iniciou o prazo estipulado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As exibições vão até o dia 3 de outubro, em caso de eleição finalizada no primeiro turno, e, em caso de segundo turno, elas retornam em 11 de outubro e vão até dia 25.
Comunicador social e estrategista de marketing político, Leo Pereira destaca que a propaganda eleitoral na televisão e rádio ainda é uma ferramenta importante para a apresentação dos candidatos e das suas propostas. “Já ouvi muito que com as novas mídias a televisão morreu, ou que o rádio morreu quando a televisão surgiu. Tudo é mídia, e toda mídia é importante em uma campanha, inclusive o candidato, que também é meio e precisa estar bem orientado”, aponta.
O especialista ressalva, no entanto, que as mídias sociais tem desempenhado um papel fundamental para as campanhas políticas nos últimos anos, mas que isso deve vir acompanhado “de um bom plano de governo, desde que editorado e não dessa forma que se faz hoje com linguagem meramente técnica em que o cidadão não entende”. Ele critica ainda o nível das candidaturas no País e reforça que os pleitos devem ser seguido por um “posicionamento técnico, político e filosófico bem elaborado”.
Repetitivo
Em relação ao conteúdo, Pereira diz que há uma repetição da forma e do conteúdo das últimas campanhas, especialmente entre os candidatos que já disputaram a Prefeitura de Goiânia. “Vejo todo mundo se repetindo, todos no mesmo diapasão: abaixo de regular”, avalia.
Vejo Mabel repetindo o que fez quase 30 anos atrás quando foi candidato em 98, vejo o Vanderlan se repetindo das sucessivas campanhas que ele foi derrotado, mas teve chance de ganhar a eleição, mas fez péssima campanha. E a Adriana se repetindo das duas últimas campanhas em que ela era o melhor perfil e voltou com o mesmo tipo de conversa vazia e sem informação
Essa falta de liga das campanhas, segundo o estrategista em marketing político, está ligado a falta de uma construção de posicionamentos, discursos e aprofundamentos nos temas que afligem a população. “Ninguém tem esse discurso, isso tem que ser tirado de dentro dos planos de governos, de dentro das relações de posicionamento político, de dentro das chapas de vereadores e, principalmente, de dentro do imaginário social. É um consenso, é um discurso que busca provocar consciência na população”, explica.
Poucas variações
Os primeiros programas eleitorais serviram para apresentar os candidatos e os primeiros símbolos e propostas. Adriana Accorsi (PT), narrou a chegada em Goiânia e sua trajetória como delegada de polícia civil, deputada estadual e deputada federal. O segundo programa exibido coloca a saúde como prioridade para a campanha, apontando a fila de espera para consultas e exames, além de citar outros a falta de zeladoria na cidade, problemas com o aterro sanitário, varrição e coleta de lixo, mobilidade e infraestrutura.
Fred Rodrigues (PL) escolheu as obras do BRT Norte/Sul como cenário para a propaganda eleitoral. Também usa o espaço para dizer que nasceu em Goiânia, que é empresário, cristão e de direita, além de reforçar o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro. É o único candidato com um discurso de antipolítica, com críticas explícitas às alianças partidárias, apesar de formar chapa com o partido Novo. Já no segundo programa eleitoral, o candidato escolhe o Paço Municipal como cenário para criticar o que chamou de “conchavos políticos” e garante que não vai fazer indicações políticas para cargos públicos.
Matheus Ribeiro (PSDB) utiliza os seus 29 segundos de propaganda eleitoral para convidar os eleitores para sua rede social.
Sandro Mabel (UB) reforça as alianças políticas com o governador Ronaldo Caiado, o vice-governador Daniel Vilela e a primeira-dama Gracinha Caiado. Ele conta sua trajetória como empresário e dono da Mabel, além de destacar sua experiência como deputado federal e presidente da Federação Indústria de Goiás (Fieg). O principal foco da sua campanha é evidenciar seu perfil de gestor, tido pelas pesquisas qualitativas como o perfil que o eleitor goianiense deseja para comandar a cidade.
Em disputa pela reeleição, Rogério (SD) conta sua história pessoal e trajetória política na cidade de Goiânia. Ele relembra Maguito Vilela (MDB), que encabeçou a chapa vitoriosa em 2020, o período da pandemia, além das obras que entregou durante sua gestão. Volta a repetir o bordão de que “cuidar da cidade é cuidar de gente”. Já no segundo programa eleitoral, Rogério lembra que não era esperado para ser prefeito de Goiânia, mas reforça que também estava na urna.
Vanderlan Cardoso (PSD) rememora a história de grandes lideranças políticas de Goiânia, como Pedro Ludovico, Venerando de Freitas Borges, Iris Rezende e Nion Albernaz. Ele usa o espaço para reforçar um mote de campanha que é a preocupação com as sete regiões da Capital e fala em revitalização do Bairro de Campinas, além citar a criação de uma cidade empreendedora e inteligente.
Como ficou a distribuição
A distribuição do horário eleitoral é feito a partir do número de representantes do partido ou coligação na Câmara dos Deputados (90% do tempo reservado) e distribuído igualitariamente entre todos os partidos e coligações (10% do tempo).
Na distribuição, o candidato do União Brasil Sandro Mabel, que tem a maior coligação da Capital, ficou com 3 minutos e 11 segundos, o maior tempo entre os candidatos. Adriana Accorsi (PT), da coligação Pra cuidar de Goiânia, tem 2 minutos e 5 segundos. Em terceiro fica Fred Rodrigues (PL), com 1 minuto e 54 segundos. Vanderlan Cardoso (PSD) tem 1 minuto e 44 segundos, enquanto Rogério Cruz (SD) tem 35 segundos e, por último, Matheus Ribeiro (PSDB/Cidadania) ficou com 29 segundos.
O candidato do Unidade Popular pelo Socialismo, Professor Pantaleão, não terá tempo de TV e rádio disponíveis porque não tem representante no Congresso Nacional, ou seja, não cumpriu a cláusula de barreira.
Esse cenário ainda pode mudar, tendo em vista o imbróglio que envolve o partido Progressistas, que hoje está na coligação de Vanderlan Cardoso, mas a coligação de Sandro Mabel questiona a aliança na Justiça. Se a Justiça eleitoral definir que houve fraude na formalização da ata do PP, o partido pode integrar a coligação liderada por Mabel e aumentar o tempo de TV e rádio do candidato governista ao Paço Municipal.
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