Luciano Huck e a Globo pegam carona na guerra para atacar Lula
A Globo tem mais de 3 mil jornalistas em todo o país e no exterior. Mas Luciano Huck foi o escolhido pela empresa para ir a Kiev entrevistar Volodymyr Zelensky.
Huck foi ouvir o sujeito que ataca Lula sempre que fala do Brasil a pretexto de ver o presidente como protagonista de uma tentativa de paz.
É constrangedor para o jornalismo da maior organização brasileira de mídia que um animador de auditório, e não um repórter, tenha sido enviado a Kiev com a missão de fazer com que Lula, e não a guerra, seja a pauta.
Zelensky sabe que os ataques a Lula não mudam nada. O brasileiro poderia mudar sua posição só porque foi criticado pelo ucraniano, que se mantém no poder com a ajuda de milícias nazistas e, na entrevista, fala em valores universais?
Não muda nada. A Globo mandou o seu Silvio Santos a Kiev para propagandear o ponto de vista da OTAN e abrasileirar a abordagem da guerra. Para que Lula seja denunciado de novo por estar, segundo a Globo e Zelensky, do lado errado.
A conversa de compadres da entrevista sobre a guerra da Ucrânia serve para tentar desqualificar as posições de Lula como mediador internacional e enfraquecê-lo internamente.
Lula não sabe lidar com o arcabouço fiscal e não lida bem com a Ucrânia e a crise na Venezuela. Para a Globo e Zelensky, Lula “pensa na Rússia como se ainda existisse a União Soviética”, como disse o ucraniano a Huck.
Zelensky, a tartaruga que subiu no poste de Kiev, deu uma aula a Huck: “A China é um país democrático? Não. E o que dizer sobre o Irã? É um país democrático? Não. E o que dizer da Coreia do Norte? Eles não são países democráticos. Então, o que o Brasil, um grande país democrático, faz nessa companhia?”.
Zelensky chegou a sugerir: “Quem vai ganhar essa queda de braço? O Brasil vai engolir esses quatro aliados ou esses quatro aliados vão engolir o Brasil?”. O sujeito acredita mesmo que o Brasil possa engolir a China? E seria de engolir ou ser engolido que estamos falando?
A entrevista trata Lula como um idiota político. A sensação é a de que Huck entrevistou Zelensky, mas que poderia, sem ir tão longe, ter entrevistado Danilo Gentili aqui, com a mesma profundidade.
*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).
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