Anápolis tem três médicos e um estudante de medicina como candidatos a vice-prefeito
Colaboração de Fabrício Vera
Todas candidaturas à prefeitura de Anápolis apostaram em candidatos à vice com ligação à área de saúde na composição da chapa. A decisão não restringiu apenas a candidata da base governista, Eerizania Freitas (UB), com Samuel Fayad (DC), mas em outras composições. Por exemplo, Márcio Correa (PL) trouxe Walter Vosgrau (MDB) e Antônio Gomide (PT) apostou em Geraldo Espíndola (Rede), já Hélio Lopes (PSDB) terá como vice o estudante de medicina Michel Roriz (Cidadania) na composição.
A motivação para a prevalência de médicos como parte das chapas pode ser motivada pela situação da saúde no município. A área é considerada uma das principais prioridades para qualquer candidato que seja eleito.
Vosgrau, vice do candidato do PL, é cirurgião cardíaco e que já atendeu pelo Sistema Único de Saúde (SUS) anteriormente, em entrevista para o Jornal Opção, citou que o município passou por um processo de “desconstrução” dos serviços essenciais. O vice de Correa destaca que esse é um dos principais fatores para a atual crise na saúde anapolina.
“A atual administração não entende que a saúde pública não é para gerar lucro, mas para atender a população. Eles desconstruíram vários serviços essenciais, como hospital municipal que foi fechado, e a UPA, que deveria atender emergências de até 72 horas, se transformou em um ‘hospital’, com pacientes ficando lá por até 15 dias. O Hospital Alfeno Abraão ainda foi entregue a uma OS de fora, sem compromisso com o município”, apontou o vice da chapa de Márcio Correa.
Dificuldades
Segundo o médico, que atua no Hospital Evangélico, recentemente ele recebeu um exemplo que ilustra a situação da saúde na cidade. “Recebi recentemente um pedido de ajuda para uma paciente com aneurisma cerebral que estava no hospital estadual, mas não há mais serviço de neurocirurgia pelo SUS aqui, que existia há seis anos. Estamos com dificuldades em exames simples, como cateterismos, que eram realizados localmente, mas agora precisam ser feitos em outras cidades”, relata.
Por isso, Vosgrau garante que a saúde será uma das prioridades em sua chapa com Correa, caso seja eleita. O médico afirma que está na chapa justamente para ajudar a saúde em Anápolis.
“Nossa primeira ação é melhorar a qualidade de vida e de trabalho dos profissionais de saúde e abrir um novo hospital ou unidade de internação em Anápolis. Precisamos de um local especializado e que possa atender à população local para evitar que os pacientes tenham que viajar para outras cidades para tratamentos básicos. A prioridade é resolver os problemas locais de saúde em Anápolis”, conta o médico formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Morador de Anápolis desde 2000, Vosgrau explica que pretendia abrir um serviço de cirurgia cardíaca com o objetivo de atender via SUS. Entretanto, ele decidiu entrar para a política após os inúmeros problemas. “Nos últimos anos, enfrentei muitos obstáculos impostos pela atual administração, resultando em uma lista de espera de 40 pacientes para cirurgia, alguns dos quais acabaram falecendo”, afirma.
Deficiências
O candidato a vice-prefeito na chapa de Antônio Gomide (PT) é o médico cardiologista Geraldo Espíndola (Rede). Ele avaliou, em entrevista ao Jornal Opção, que as principais deficiências no sistema público de saúde de Anápolis estão na falta de leitos para internações e na baixa oferta de unidades de portas abertas. “A cidade está crescendo e cabe a prefeitura atender as demandas por saúde pública. As pessoas que estão sofrendo de uma urgência médica ou que precisam de um exame ou internação hospitalar ou cirurgia, ele precisa ser atendido”, comenta.
“O grande problema que eu vejo é a falta de leitos para internação hospitalar e também o número de portas abertas para atendimentos das urgências médicas. Do ponto de vista das unidades básicas de saúde, as estruturas estão melhorando, mas as unidades de portas abertas estão sobrecarregadas”, avalia.
Como propostas para melhoria dos atendimentos, Espíndola aposta na criação de novas estruturas de saúde, seja em parceria com a iniciativa privada ou através do poder público. “Eu acredito que a saúde pode melhorar com a abertura de mais postos para atendimentos, a construção de mais duas UPAs, e aumentando o número de leitos hospitalares para internações”, propõe.
Formado em medicina pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e diretor da Santa Casa de Misericórdia de Anápolis, Espíndola pontua ainda que a questão da saúde no município precisa ter atenção em demandas diversas. “Precisa de sensibilidade para atender a questão da saúde bucal, do atendimento da saúde nas escolas com programas específicos das necessidades de deficiências visuais e auditivas, além das neurodivergências. Saúde não são apenas os leitos, mas providenciar uma estrutura que possa levar o bem estar para as pessoas que necessitam”.
Além de médico, Geraldo Espíndola é formado em Direito pela UniEvangélica e foi vereador em Anápolis por três mandatos. Foi chanceler da universidade e diretor da Santa Casa por 16 anos.
Avanços
Para Samuel Fayad Gemus (DC), médico otorrinolaringologista, vice na chapa de Eerizania Freitas (União Brasil), Anápolis tem problemas na área da saúde como toda metrópole, mas que houveram ações importantes implantadas pela atual gestão. “Somente no primeiro quadrimestre deste ano, a prefeitura investiu 23,7% do seu orçamento na área, isso representa cerca de R$ 90 milhões. O município conta com 48 unidades básicas de saúde, sendo 8 com horário estendido. A atual gestão implantou a UPA Pediátrica, que atende 9 mil pessoas por mês e também está construindo a UPA da Mulher”, observa.
Entre os pontos que a campanha deve redobrar a atenção no plano de governo, Fayad diz que os atendimentos médicos especializados e a realização de exames devem ser feitos com mais agilidade. “Nossa candidata a prefeita Eerizânia tem realizado várias reuniões desde o início de sua pré-campanha com técnicos de várias áreas. Com a minha chegada, temos ouvido também a população, entendendo as suas maiores demandas e conversando com os melhores técnicos da saúde e médicos de várias especialidades”, diz.
Ele avalia que as demandas são crescentes conforme a cidade se desenvolve e que, apesar dos avanços, a saúde municipal tem muito a melhorar. “O meu principal objetivo é cuidar de toda a população de Anápolis e vi em Eerizania, e com o principal líder de Goiás, o nosso governador Ronaldo Caiado, a possibilidade de juntos consolidarmos o melhor e maior plano de gestão da história de Anápolis.
Samuel Fayad Gemus nasceu em Anápolis e formou-se em medicina no Rio Grande do Sul. Fez residência em Otorrinolaringologia no Rio de Janeiro, além de curso de cirurgia endoscópica em Vanvouver. Após a conclusão da residência, Fayad retornou para a cidade e trabalhou na Santa Casa de Misericórdia de Anápolis e prestou concurso para a a Secretaria de Saúde de Anápolis e para a Secretaria de Segurança Publica do Estado de Goiás, hoje lotado em Anápolis.
Portas abertas
Formado em Farmácia pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Michel Roriz está no quarto ano do curso de medicina pela Universidade Alfredo Nasser. Roriz argumenta que o “grande gargalo da saúde de Anápolis é a porta fechada para o paciente”. “Anápolis fechou o Hospital Municipal e isso onerou a saúde da cidade. Temos uma fila de pacientes enorme e uma falha do SUS na regulação”, argumenta.
Ele critica que quando a regulação dos pacientes do município foi passada para a Secretaria de Estado da Saúde, criou-se uma distorção nos tratamentos. Queremos passar a regulação para o município novamente. Somos um município rico, com o segundo maior PIB do Estado e não faz sentido você regular o paciente para um hospital a 300 km da cidade quando a cidade tem a capacidade de atender esse paciente”, critica.
Entre as propostas que a chapa deve levar para o plano de governo está a utilização de inteligência artificial para agilizar e organizar o sistema de saúde e a ampliação de leitos. “Temos que reordenar a rede e abrir novamente o Hospital Municipal e ampliar a oferta de leitos para melhorar a disponibilidade de UTIs, especialmente na questão neurológica. Queremos investir em tecnologia para a saúde e utilizar a inteligência artificial para melhorar o diagnóstico e a eficiência e trabalhar no cruzamento de dados”, sugere.
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