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Май
2024

Fã de Vinícius Júnior, menino já teve de trocar de escola por conta do racismo

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"Eu fiquei bem abalada, meu filho ficou bem abalado”, conta Thayanne Ferreira Bitencourt, de 29 anos. Mãe de uma criança de 6 anos, a autônoma viu de perto a dor que o meninho sentiu ao sofrer por ser preto. Desde então, ela faz o que pode para tentar inibir os efeitos desse preconceito na vivência dele.  Segundo filho de Thayanne, o filho frequentava uma escola do bairro quando falou pela primeira vez que era tratado diferente por duas colegas. O caso ocorreu no ano passado, mas ela lembra claramente a raiva e dor que sentiu. “Ele já tinha questionado sobre as colegas desfazerem dele por ser negro. Um certo dia deixei ele na porta da sala e presenciei a cena, as colegas não deixaram ele sentar na cadeira ao lado delas. Fiquei p... Retirei ele da sala, fui pra coordenação”, diz. Como a queixa na direção não deu certo, a mãe preferiu mudar o menino de escola. Na nova instituição com novos colegas, está mais tranquilo, sem o preconceito. Mas o racismo, segundo Thayanne, segue sendo um assunto dentro de casa. “Eu converso bastante com ele, falamos para ele contar na hora se tiver acontecendo”, afirma.  Para trabalhar a confiança e autoestima da criança, a mãe e o pai Vinícius fazem elogios, o chamam por apelidos carinhosos, como “Negro charmoso”. Além disso, a autônoma diz que recebe apoio constante da Cufa (Central Única das Favelas) para falar sempre sobre racismo com o filho e mostrar que não há nada de errado com o tom de pele dele. O resultado tem surtido efeito e hoje o menino tem como inspiração outros homens negros. Fã do Vinícius Júnior, ele celebrou o aniversário de seis anos com uma festa inspirada no jogador brasileiro que atua pelo Real Madrid.  Vitoria Gabrielly Jara Lessa, de 21 anos, usa as ferramentas que tem para que a filha sinta orgulho dos traços genéticos que herdou. A educação racial é algo que a cantora, conhecida pelo nome de ‘Suburbia Única’, coloca em prática de forma lúdica coma filha de 3 anos.  “Tento passar de uma forma didática até porque não sou professora, mas sendo preta tenho minhas formas de ensinar sempre. A forma que encontrei de começar isso é estimulando ela a ver desenhos que tenham crianças negras, sempre presenteio com bonecas negras também”, explica.  Devido a pouca idade, a menina ainda não entende sobre racismo e como essa forma de violência é colocada na sociedade. “Minha família é muito miscigenada, então minha filha convive com muitas pessoas negras e não entende o conceito e nem vê diferença na cor de pele das pessoas”, fala.  Filha de uma mulher branca, a compositora cresceu sem as referências que hoje tenta passar para a filha. No período que frequentava a escola, Vitória e as irmãs foram mais de uma vez alvos desse tipo de preconceito. Na época, ela não conseguia entender o porquê daquilo acontecer.  “Todas as situações de racismo que passamos na infância minha mãe resolvia com barraco ou violência, mas nunca nos explicou o que estava de fato acontecendo, acho que pra nos proteger”, relata.    Um passo de cada vez, ela faz o que pode para fazer diferente com a filha. Nesse processo, a cantora está aprendendo, assim como a mãe. “Ela está sendo letrada junto comigo e minhas irmãs”, comenta.  Mãe de gêmeos, Rosenilda Gonçalves da Filha, de 47 anos, é mais uma mulher negra que sente os desafios de preparar os filhos para uma sociedade que ainda é preconceituosa. Os dois não puxaram o tom retinto da mãe. Ainda assim, Rosenilda conhece bem as diferenças. “Costumo falar que temos menos oportunidades por conta disso, Converso sobre o nosso cabelo também”, fala.  As crianças nunca foram vítimas de racismo na escola e a mãe dá graças a Deus por isso. “Nunca aconteceu, porque eles não são tão escuros”, explica. Durante a conversa, ela só lamenta a ideia que a filha teve de querer alisar o cabelo. “O cabelo dela era tão bonito e amarelinho, mas ela não gostava”, pontua.  Rosy Romualdo, de 54 anos, descobriu cedo que iria enfrentar dificuldades devido à cor da pele. Em casa, o alerta partiu dos pais que deram um jeito de preparar Rosy para situações que poderiam enfrentar. Seguindo esse exemplo, a bióloga conta ter feito o mesmo na hora de educar a filha Mariana Romualdo, de 24 anos.  “Eu criei a minha filha do mesmo jeito que meus pais me criaram: sabendo que a qualquer momento poderia surgir uma coisa para as pessoas ofenderem”, conta. Outra coisa que os pais de Rosy ensinaram é que a única forma de se defender era se impondo e estudando. “Eu passei para a minha filha esses valores que temos que ser os melhores porque quando a ofensa acontece, se você for boa, não irá te afetar tanto”, comenta.  A professora também fez questão de proteger a filha e minimizar os efeitos do racismo. “Como ela estudou numa escola particular só tinha ela de negra e indígena, mas nunca deixei ela passar por situações onde não conseguisse se defender. Eu nunca deixei que ela sofresse”, ressalta.  Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .