StoneX vê aumento de 4,2% na safra de café do Brasil apesar de queda no Cerrado
Apesar do aumento na produção, a safra ficará abaixo do potencial por influência dos efeitos climáticos do El Niño
SÃO PAULO (Reuters) - A safra de café do Brasil na temporada 2024/25, com colheita começando nos próximos meses, foi estimada nesta quarta-feira em 67 milhões de sacas de 60 kg, alta de 4,2% na comparação com o ciclo anterior, de acordo com números da StoneX levantados após um giro pelas principais regiões produtoras do país.
Apesar do aumento na produção, a safra ficará abaixo do potencial por influência dos efeitos climáticos do El Niño, disseram os analistas Fernando Maximiliano e Glenio Caetano, em relatório divulgado nesta quarta-feira.
"No Brasil, o El Niño provocou uma sequência de ondas de calor que ultrapassaram os 40ºC em grande parte do cinturão cafeeiro. Além disso, devido ao fenômeno, grande parte do cinturão cafeeiro teve volumes de chuva abaixo da média nos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro de 2023, período de desenvolvimento crítico para a produção em 2024", destacou o relatório.
Ainda assim, o maior produtor e exportador de café deverá ver aumento na produção das duas variedades. No arábica, a safra foi estimada em 44,3 milhões de sacas, aumento de 3,6%.
Já no café canéfora (robusta e conilon), a produção brasileira foi vista em 22,7 milhões de sacas, alta de 5,5%.
CERRADO EM BAIXA - A StoneX estimou que a principal região produtora de café do Brasil, o Sul de Minas, deverá ter aumento de quase 5% na safra de grãos arábica, para 16,2 milhões de sacas, enquanto as Matas de Minas deverão ver um salto de 20% ante o ciclo passado, para 9,2 milhões de sacas.
Por outro, lado, o Cerrado Mineiro deverá registrar uma queda de 27% na produção, para 5,4 milhões de sacas.
"Na região do Cerrado Mineiro, as lavouras apresentaram uma grande desuniformidade, com as lavouras mais ao sul da região com indicativos claros de que foram impactadas pelo clima seco e pela temperatura excessiva", afirmou.
A StoneX notou também áreas de renovação e áreas que foram convertidas para a produção de grãos. "Além disso, a região está em seu ano negativo no ciclo bianual, tendência que reflete os impactos da geada de 2021, já que caso contrário, a região deveria estar em seu ano positivo do ciclo."
Em relação a produção de canéforas, os analistas da StoneX veem aumento na safra em todas as regiões, com a produção do Espírito Santo subindo para 16,2 milhões de sacas (+6,6%), a de Rondônia avançando para 3,3 milhões de sacas (+2,8%) e a da Bahia para 2,6 milhões de sacas (+2,2%).
"Na região norte do Espírito Santo, maior produtor de café robusta no Brasil, as lavouras apresentaram uma condição similar ao observado no sul da Bahia, com áreas impactadas pelo clima e pelo ataque da cochonilha", disse a StoneX.
Segundo a consultoria, parte do incremento da produção no Espírito Santo será resultado do aumento da área em produção em 2024/25.