Aniversário de Goiânia: as 24 mulheres que reinventam o empreendedorismo na capital
Amanda Costa e Tathyane Melo
A força e a determinação das mulheres goianienses merecem destaque. Elas conciliam com maestria a vida pessoal, o cuidado com a família e a busca por crescimento profissional, provando que competência e sensibilidade podem caminhar lado a lado. Cada vez mais presentes em cargos de liderança e à frente de seus próprios negócios, elas transformam desafios em oportunidades e inspiram outras a seguirem o mesmo caminho.
Em comemoração ao aniversário de Goiânia, o Jornal Opção reuniu 24 empreendedoras que escolheram a capital como palco de seus sonhos e conquistas. Unidas, elas celebram não apenas o sucesso de seus empreendimentos, mas também a cidade acolhedora que impulsiona suas trajetórias e abre espaço para que mais mulheres possam prosperar.
Longe do corporativo tradicional, essas 24 mulheres, com agulhas de crochê, fórmulas cosméticas inovadoras, fraldas ecológicas, roupas sustentáveis, empresas tecnológicas de saúde e doces franceses, recriaram suas próprias vidas, transformando paixão em propósito e desafios em degraus para o sucesso.
Conheça as 24 empreendedoras
Letícia Gama, tem 28 anos, é fisioterapeuta pós-graduada em Estética Avançada e Gestão Clínica e há quatro anos se tornou empresária. “Em setembro de 2021 entrei no ‘fantástico’ mundo do empreendedorismo, onde abri o meu primeiro estúdio de pilates e estética. De lá para cá, são anos de muita dedicação, esforço, capacitação e sucesso”.
Para a fisioterapeuta, empreender na capital de Goiás é uma experiência incrível. É uma cidade acolhedora, cheia de pessoas com energia boa e, que valorizam o cuidado e o bem-estar. “Desejo que Goiânia continue sendo essa cidade vibrante, que inspira saúde, qualidade de vida e muitas oportunidades”, complementa.
Josi Albuquerque é filha de lavradores. Chegou em Goiânia com a família em 2015. Desempregada, bateu em muitas portas e, por incentivo do pai, passou a sonhar que ela e a irmã teriam a própria empresa. Daí nasceu a “Tapioca das Petras” – um sonho real, que já está no mercado há 10 anos. “Tudo começou no Jardim Guanabara, e o nosso negócio foi abraçado pela população de uma forma tão carinhosa. O goianiense é muito acolhedor e realmente sentimos isso”.
A empresária tocantinense diz que antes de vir para cá, todos já tinha a visão de que a capital de Goiás era próspera. É até rotineiro as pessoas indicarem virem para cá quando os jovens completam 18 anos. “Goiânia é esse chão, com muitas histórias. Desejo que essa cidade continue sendo um palco de encontros, sabores e de histórias bonitas assim como a nossa”, disse Josi Albuquerque.
A advogada Fabiane Vinhal começou a empreender no ano de 2020, com a chegada dos filhos. A necessidade de conciliar carreira e os afazeres como mãe despertou nela a possibilidade da advocacia autônoma. No início foi desafiador pois apesar do domínio da parte técnica, ainda tinha dificuldades de entender o escritório como uma empresa.
De acordo com Fabiane, foi preciso buscar no projeto da Incubadora de Novos Escritórios formas para se profissionalizar e crescer. “Nasci e sempre morei em Goiânia. Embora eu goste muito de viajar e já tenha conhecido outras capitais, outros países, eu jamais pensei em deixar Goiânia para empreender em outro lugar. E o que eu desejo para a nossa capital é que ela continue sendo referência não só na área do agro, mas também na área de tecnologia e na área de outros serviços”, enfatiza.
A jovem Andressa Santomé é uma inspiração. A “Amici Shoes” começou três anos atrás em Itaberaí e hoje está com loja física na cidade de Goiânia, com expectativas de abrir uma filial até 2026. Tudo começou com uma loja online de T-shirts femininas, no ano de 2020. “Aprendi sobre empreender e venci o medo de aparecer nas redes sociais. Na época eu me dividia entre a loja e trabalhar em um escritório de advocacia”, explica.
A pandemia fez com que Andressa voltasse para a casa dos pais em Itaberaí. Juntamente com uma amiga, abriram uma loja de sapatos com marca própria. “De início funcionávamos apenas no online. O tempo passou e houve a necessidade de abrir ponto físico, de lá pra cá continuei a loja sozinha e trouxe ela para Goiânia em janeiro de 2025”.
“Desejo a nossa capital uma bela jornada, que Goiânia seja abençoada cada vez mais por Deus e que ela proporcione grandes momentos aos que aqui moram. Espero que todos, assim como eu, amem morar e estarem aqui”: é o desejo de Andressa Santomé.
A professora de Gastronomia e proprietária da “Dali brigadeiria”, Livia Marques, concilia o empreendedorismo, a sala de aula e também o universo acadêmico. Atualmente, é mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFG. A chef está na área do empreendedorismo em Goiânia há 15 anos e se diz muito satisfeita, pelos resultados obtidos.
“Por ser uma cidade com clima interiorano, a indicação boca a boca ainda é o que mais dá retorno. Ao longo dos anos, percebo várias mudanças de comportamento já que lido com comemorações. Mas mesmo com as mudanças geracionais, Goiânia continua acolhedora, de pessoas ativas e dedicadas”, destaca Livia Marques.
Outra mulher do ramo gastronômico é a Eliane Pereira, que é uma das fundadoras e CEO do Braseiro Burger. “Nunca sonhei em ser empreendedora. A paixão pela cozinha sempre foi do meu marido. Mas a vida me levou por esse caminho. Em 2018, na sala de casa, diante de dois casais de amigos e uma proposta ousada, nasceu o embrião do que viria a ser a empresa”, conta a história.
A pandemia veio e forçou o fechamento do espaço físico, mas segundo Eliane abriu novas portas. No delivery, o Braseiro se reinventou e cresceu em vendas. O desejo dela é expandir ainda mais seguindo o lema de transformar vidas, por meio da gastronomia e do acolhimento. “Goiânia é uma cidade que inspira, acolhe e abre portas para quem sonha grande e trabalha com o coração. Desejo que ela continue sendo essa terra de oportunidades, fé e recomeços, que impulsiona histórias como a nossa. Parabéns pelos 92 anos, Goiânia, que venham muitos outros cheios de sabor, amor e prosperidade!”
A história da nordestina Kedma Araújo não é muito diferente de outros retirantes em busca de oportunidades. Tudo começou em 1979, quando o pai dela veio de Santana do Acaraú (CE) com a família “tentar a sorte” na grande Goiânia . Na época, ela tinha somente três anos, o irmão oito, a mãe começou a costurar e o pai conseguiu emprego como pedreiro. Juntos, dividiam espaço em um barracão de dois cômodos no Setor Pedro Ludovico.
Resiliência e superação descreve os 35 anos da loja Ápice Moda Praia. De 2023 para cá, tem se expandido devido às vendas online e também na loja física. “Goiânia nos ajudou a crescer. E o que desejo é que ela cresça ainda mais e que a gente possa receber bons frutos do nosso trabalho”, enfatiza Kedma Araújo.
Valquíria Jardins deu início ao negócio em um cômodo fechado por uma cortina e hoje o Salão Kiras está em constante expansão. Também são 28 anos de dedicação e muita força de vontade para não desistir. De costureira [profissão de início de carreira], à uma empresária que se atualiza, cotidianamente, no ramo da beleza. Possui um “time”, como ela mesma diz, que juntos construíram uma linha própria para cabelos crespos.
“Eu fui muito privilegiada em Goiânia por ser uma mulher preta. Quem me ajudou muito foi o Sebrae, porque eles nos viram nascer, engatinhar e crescer. Não temos o mar aqui, não temos o Caribe – mas, o que temos aqui nos engrandece muito. Goiânia é uma cidade linda, hospitaleira, mesmo que eu vá para outras cidades, mesmo que saia do país não dá para trocar. Eu sou muito feliz com esse lugar”, afirma Valquíria.
A design de moda Isabella Gontijo cresceu tendo como perspectiva o empreendedorismo dentro de casa. No mercado há 20 anos, a mãe influenciou a filha, que aos 17 anos uniu-se ao negócio. A Isys passou por reformulações no nome e também no modelo de empresa. Primeiro foi confecção, depois loja com vendas no atacado e, atualmente, viraram a chave para o varejo de peças focadas no público feminino.
“Empreender em Goiânia é desafiador, mas também inspirador — uma cidade com identidade forte, gente autêntica e um público que valoriza estilo e originalidade. Que venham mais oportunidades, mais conexões e mais reconhecimento para quem cria com alma goiana! Nos amamos Goiânia, amamos morar aqui e amamos ter um empreendimento aqui”, diz Isabella.
Lourdes Almeida é natural de Aragarças, mas mora em Goiânia desde a década de 1970. É CEO da City Tour Transportes, empresa líder de mercado em transportes turísticos e logística de eventos. Diz que quando pensa em Goiânia, o coração se enche de gratidão. “Esta cidade me acolheu, me deu oportunidades e me inspirou a construir uma história que vai muito além dos ônibus, vans e viagens que marcaram minha trajetória. Goiânia é o palco de todos os meus sonhos e de cada conquista da City Tour”, destaca.
Segundo Lourdes, quando fundaram a empresa em 1996 tudo era desafio e entusiasmo. Na época, Goiânia era muito carente de transporte turístico. “Hoje, ao celebrarmos 92 anos da nossa querida Goiânia, eu só posso agradecer — a Deus, aos colaboradores que fizeram parte dessa jornada, aos parceiros, aos clientes e a todos que, de alguma forma, confiaram no nosso trabalho”.
A jovem descontraída, Isabella Toiansk, é formada em Engenharia Civil. Só que o pioneirismo da família na atividade de aquicultura acabou “desviando sua rota”. Após finalizar a faculdade em 2015, ingressou no mercado de piscicultura para ajudar os pais. Quatro anos depois, se uniram a outra família e criaram a “Proa Indústria e Comércio” que atua em três frentes: piscicultura, abate e comercialização de pescado.
“Distribuímos no estado de Goiás atendendo, bares, restaurantes e pesque pagues da região de Goiânia com filé de tilápia em sua maioria e outros peixes da nossa bacia, como a caranha, pintado e matrinxã. Goiânia é uma cidade com muito mercado e em constante crescimento, da época que iniciamos para cá vimos diversos estabelecimentos abrirem e se renovarem”, explica.
A empresária Natália Garcês explica que a “Palavrear” é mais do que uma livraria: é um lugar onde livros e pessoas se encontram, onde o tempo entra em descompasso, e as trocas ganham sentido. Exatamente, no dia 24 de outubro de 2018 “nasceu” a livraria. “Desde então, vivi de perto o crescimento de um espaço que nasceu como um presente para Goiânia, inaugurada, propositalmente, no mesmo dia em que a cidade comemora seu aniversário”, explica.
De lá para cá, o catálogo tem sido ampliado – pois, na concepção de Natália cada livro que chega à Palavrear carrega um gesto de cuidado: a curadoria é uma forma de afeto, um modo de aproximar leitores de histórias que importam, não apenas de best sellers ou mais vendidos.
“A cada livro vendido, a cada conversa e descoberta, sinto que ajudamos a manter viva uma forma de resistência: essa do encontro, da palavra e da comunidade. E assim, comemorando os 92 anos de Goiânia, celebro também a cidade onde nasci e que me ensinou o valor dos encontros. Foi aqui que cresci, que me apaixonei pelos livros e que encontrei, na Palavrear, um jeito de retribuir tudo o que essa terra me deu. Que Goiânia siga sendo esse espaço de afeto, cultura e comunidade, que tanto amo”, diz Natália Garcês.
Mariana Malheiros Oliveira, 29 anos – Thur
O chamado para criar algo próprio ecoava no coração de Mariana Malheiros muito antes da Thur, sua marca de moda handmade, ganhar vida. Após três anos e meio no universo corporativo da advocacia, ela percebeu que anseava por um trabalho que unisse propósito, arte e liberdade criativa.
O crochê, que entrou de forma despretensiosa em sua vida, revelou-se o caminho. “Fiquei fascinada pelo processo criativo e pela infinidade de possibilidades que o crochê oferece”, conta. Foi nesse encantamento que ela enxergou a oportunidade de transformar uma paixão em um negócio real.
A Thur nasceu com um olhar voltado para o artesanal, o slow fashion e a valorização do artesanato brasileiro. Cada peça é feita 100% à mão, um feito possível apenas pelo toque humano, já que não existe máquina capaz de reproduzir o crochê.
“Busco criar peças que traduzam exclusividade e personalidade”, explica. A modelagem impecável e as franjas artesanais aplicadas manualmente conferem movimento e identidade única a cada criação. O nome Thur é uma homenagem carregada de afeto, formada pela releitura do nome de sua avó, Ruth, “uma das mulheres mais fortes e inspiradoras que conheço”.
No início, Mariana precisou aprender tudo do zero, testar, errar e recomeçar. O apoio veio primeiro das amigas, que começaram a encomendar vestidos e da família, essencial na fase de produção. A Thur cresceu a ponto de se tornar sua principal fonte de renda, levando-a a deixar a advocacia para se dedicar integralmente ao empreendimento. “O caminho não foi fácil, foi cheio de desafios, erros e aprendizados, mas também de conquistas que me fazem evoluir a cada dia”, reflete.
Para o futuro, ela sonha em criar uma cooperativa para capacitar mulheres, ensinando-as a aprender e lucrar com seus talentos manuais. “Quero que a Thur seja um instrumento de transformação e oportunidade.”
Luciana Vieira de Queiroz Brandão, 45 anos – Luciana Brandão
Um momento de profunda ruptura na vida de Luciana Brandão foi o catalisador para que ela encontrasse a coragem de empreender. No final de 2019, a descoberta de um tumor atrás do olho esquerdo e a subsequente cirurgia a fizeram parar por seis meses, vivendo em função do tratamento.
Essa experiência lhe deu um sentimento de “segunda chance”. “Percebi que, ao continuar a vida, precisava me posicionar”, relata. Buscando em Deus força e inspiração, encheu-se de coragem para começar sua própria marca, com um desejo claro: vestir a mulher real.
Sua inspiração para transformar a ideia em negócio sempre foi trazer uma proposta onde a mulher de corpo real pudesse se vestir bem, com originalidade, sentindo-se cuidada e assistida em sua essência. “Quer seja pela largura ou pela altura, por medidas desproporcionais, não importa, nós somos o que somos e podemos muito bem vivermos carregadas de nós mesmas, sem precisar nos encaixar nos padrões ditados pelas tendências”, defende.
A Luciana Brandão trabalha com uma única coleção lançada de forma fragmentada durante o ano, produzindo do manequim P ao GG, a marca vai além, oferecendo ajustes e peças totalmente personalizadas, tiradas sob medida para que o caimento seja perfeito.
A sustentabilidade também é uma premissa, utilizando tecidos de fios reciclados misturados ao linho e de garrafa PET com viscose. O maior desafio, segundo Luciana, foi e ainda é se consolidar e validar sua proposta no mercado. “Eu acredito muito no trabalho que estamos realizando, mesmo em meio a diversos desafios, nunca podemos perder a fé”, afirma.
Com o apoio incondicional do esposo, dos pais, das filhas e de amigos, ela segue firme. Hoje, o negócio é sua principal fonte de renda, embora com altos e baixos naturais de uma marca com quatro anos de estrada. “O que importa pra mim nesse momento não é o valor que posso ganhar por mês, mas sim, o quanto eu posso investir para que a marca continue crescendo”, declara. Seu sonho é alcançar mais mulheres por Goiás e, futuramente, por todo o Brasil.
Stefania Mascarenhas, 47 anos – Encantare Doceria
A habilidade manual de Stefania Mascarenhas, pedagoga de formação, sempre esteve presente. Tudo começou com a modelagem em biscuit, que evoluiu para a confeitaria artística com doce de leite ninho, tornando-se uma segunda fonte de renda enquanto ela conciliava com a vida na escola. Produzindo doces em casa, a clientela cresceu, inicialmente no próprio condomínio.
Mas foi durante a pandemia que ela decidiu se focar completamente na confeitaria personalizada, abrindo a Encantare Doceria. As bolachas decoradas em leite ninho, uma criação autoral, foram um sucesso instantâneo, dando visibilidade ao seu trabalho.
Seu foco principal se estabeleceu na produção de macarons e bolachas decoradas. Os doces franceses, famosos por sua complexidade e técnica, representaram um desafio e tanto. “Ficava horas produzindo, mas não tive o sucesso pretendido no aprendizado solo”, recorda.
Determinada, Stefania foi buscar aperfeiçoamento profissional em São Paulo, depois na Flórida (EUA) e, num ápice de realização pessoal, em Paris, com uma especialista francesa. “Provavelmente foi a experiência mais incrível que já tive”, celebra. Apaixonou-se pelo processo que, como ela mesma diz, exige “mãos de artista, disciplina militar e paciência de monge”.
Hoje, dedicada 100% aos macarons e biscoitos decorados, sua produção é voltada para eventos e encomendas personalizadas. Com um showroom no Setor Bueno, a Encantare se tornou referência em macarons em Goiânia.
“Percebi que trabalhar com o que se é apaixonado, diminuímos o esforço e aumentamos a satisfação”. Seu conselho para outras mulheres é justamente esse: a paixão como combustível.
“Primeiramente apaixone-se pelo que vai fazer, porque o caminho não é fácil, mas quando se faz com paixão, diminui a distância para o sucesso”. Para o futuro, não sonha grande, mas diariamente. “Trabalho com os sonhos das nossas clientes! Todos os dias realizamos sonhos quando montamos uma torre de macarons e produzimos bolachas perfeitas!”.
Julliana Moura, 41 anos – Cheers Cosméticos
A admiração pelo universo dos empreendedores sempre moveu Julliana Moura. Fascinada por campanhas publicitárias e produtos inovadores das décadas de 90 e 2000, ela desejava criar algo relevante, que resolvesse um problema real e tivesse impacto. “Empreender, pra mim, sempre foi sobre construir algo relevante — e não apenas ‘ter uma empresa’”, define.
A inspiração para materializar essa ideia veio da constatação de uma lacuna no mercado: a invisibilidade da mulher acima dos 40 anos. “A ideia era clara: criar uma marca que olhasse para essa mulher com respeito, ciência e representatividade — sem negar a idade, mas valorizando o que ela tem de mais bonito: a vivência”.
Assim nasceu a Cheers Cosméticos, a primeira marca brasileira criada especialmente para a mulher madura. A empresa, que Julliana fundou, atua em inovação cosmética com base científica, desenvolvendo tecnologias em nano e biotecnologia. O foco é criar cosméticos eficazes e seguros, com base em evidências científicas e testagem rigorosa, sem abrir mão da experiência sensorial.
O início foi desafiador, exigindo que ela transitasse de um ambiente técnico para o universo do negócio. Programas de aceleração como Mulheres Inovadoras, do Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o Eleve da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e Centro de Excelência em Empreendedorismo Inovador (HUB Goiás) e o Inova Cerrado, realizado pelo Sebrae, foram fundamentais para estruturar a empresa. “Com o tempo, percebi que o erro faz parte do processo, mas ele precisa ser tratado com método”, analisa.
Com o apoio da família, da mãe, do pai, do marido e até dos filhos, de 11 e 13 anos, Julliana seguiu em frente. Hoje, o negócio se sustenta, mas ela enfatiza as complexidades do varejo e a necessidade de equilíbrio constante entre ciência, operação e gestão.
O grande diferencial da Cheers, ela acredita, é a proximidade com o público. “A Cheers nasceu ouvindo mulheres reais — e continua sendo construída junto com elas”.
Sua rotina é intensa e planejada, envolvendo desde o laboratório até reuniões com clientes e aprovação de fórmulas. Seu conselho para quem tem medo é enfrentá-lo, mas com preparo. “Medo faz parte, mas eu tinha mais medo de ficar onde estava e ser passiva”. Para o futuro, ela planeja expandir o portfólio e consolidar um movimento de mulheres que falem sobre maturidade com naturalidade. “A Cheers nasceu para isso: para ser mais que uma marca, um ponto de encontro entre ciência, beleza e verdade”.
Larissa Barros, 32 anos – Studio Larissa Barros
Aos 12 anos, Larissa Barros já fazia unhas, mas a profissão era vista com preconceito, um “bico”, e ela seguiu outros caminhos, inclusive tentando a vida de concurseira. Após se casar, enfrentou uma das fases mais difíceis de sua vida, com uma falência decorrente de más escolhas em um negócio de marketing de relacionamento.
Chegou a trabalhar 12 horas por 36 de descanso como porteira de condomínio, ganhando um salário que mal dava para sobreviver. Foi em um momento de desespero, suplicando a Deus na portaria, que veio a insight: “volta a fazer unha na sua folga”. Foi o que fez. Comprou uma maletinha e começou a atender a domicílio e em galerias, conquistando clientes que mantém até hoje, dez anos depois.
A necessidade de sair daquele momento financeiro e emocional foi a grande inspiração para transformar a ideia em um negócio real. “Meu esposo sempre me apoiou e vê-lo vivendo uma vida horrível com cobradores e nome sujo, eu nunca achei justo. Tirei fordas de onde eu não tinha”, relembra.
Usou estratégias de marketing, estudou muito e, quando seu chefe a fez escolher entre o emprego CLT e suas clientes, ela optou pelo seu próprio negócio. Alugou sua primeira sala, morrendo de medo, mas com metas claras e muita determinação. “Dali pra cá foi só crescimento, graças a Deus!”.
Hoje, seu estúdio é uma empresa com mais de uma década de história e uma cartela de mais de 800 clientes, especializada em unhas, podologia, sobrancelhas e depilação. O foco é oferecer um serviço personalizado em um ambiente calmo e tranquilo.
O maior desafio, afirma, sempre foi encontrar colaboradores com a mesma mentalidade de crescimento e comprometimento com o cliente. Ela driblou essa dificuldade ensinando, ministrando cursos e criando uma cultura empresarial baseada no respeito e na valorização da equipe. “Pagando melhor que a maioria no mercado, dando o que não tem em lugar nenhum, que é horário de almoço, sendo humana”.
Com o apoio incondicional do marido e da família, o estúdio se tornou sua principal fonte de renda. “Trabalhava sem hora para parar, já atendi num dia das 6 da manhã até 23h. As pessoas me chamavam de louca, mas eu sabia onde eu queria chegar”.
Seu diferencial, ela garante, não é apenas a técnica, mas o atendimento excepcional. “Você não precisa ser a melhor profissional do mundo, mas vai precisar ter o melhor atendimento do mundo”. Mesmo grávida de oito meses, ela não pensa em parar.
“Amo o que eu faço e o ambiente que criei então todos os dias é uma alegria”. Seu conselho é direto: “Comece. Comece com dúvidas, medo, mas comece. Erre! Erre muito, cada erro é um curso (…) o aprendizado é fora do normal”. Para o futuro, sonha em profissionalizar ainda mais sua equipe e conquistar uma tão sonhada qualidade de vida.
Luciane Costa, 57 anos – Mamãe Pingo
Luciane Costa sempre foi uma mulher em movimento. Professora e pesquisadora na Universidade Federal de Goiás (UFG) por 31 anos, com mestrado e doutorado em odontopediatria, ela tinha o traço de personalidade de “sair da zona de conforto”. Em 2019, um contato com uma oficina da Artemisia em São Paulo a apresentou ao empreendedorismo inovador, que “mexeu muito” com ela. Desejava trazer resultados mais aplicáveis ao público que atendia em suas pesquisas: crianças na primeira infância.
Juntou-se a outros dois professores e começou a desenvolver o que se tornaria a Mamãe Pingo, uma health tech que promove o desenvolvimento infantil ao conectar profissionais de saúde e famílias.
A plataforma monitora os marcos do desenvolvimento infantil – aspectos socioemocionais, cognitivos, motores e de linguagem – desde os dois meses até os cinco anos de idade. “A dor das famílias é justamente saber se o filho está se desenvolvendo bem… mas a dor da sociedade é que todas as crianças cresçam no seu pleno potencial, e muitas vezes isso, os atrasos passam despercebidos”, explica.
Uma pesquisa realizada por sua equipe em um bairro de Goiânia revelou que uma em cada três crianças tinha suspeita de atraso no desenvolvimento. A Mamãe Pingo atua na promoção da saúde, oferecendo um chatbot com inteligência artificial treinado com conteúdo científico curado por especialistas, mas não faz diagnósticos. “A gente pode ajudar as famílias, deixá-las mais seguras e confiantes para tomar as decisões do dia a dia”.
Luciane descreve o empreendedorismo como uma “montanha-russa”, cheia de desafios semanais e incertezas. “Muitas vezes aquele dilema, né, será que vale a pena continuar? Mas, como eu te disse, quando a gente olha para o propósito e pensa, isso é uma causa, a Mamãe Pingo é mais ainda do que um negócio, é uma causa, então isso nos faz continuar”.
Superar os “nãos” de editais e investidores exige resiliência e, principalmente, uma equipe coesa. “Trabalhar com gente que tem os valores semelhantes ao seu, que é o que a gente acaba chamando de cultura da empresa”. Apoiada pela família e amigos, ela segue adiante.
Aposentada da UFG, sua renda principal não vem do negócio, que ainda está em fase de investimento. O diferencial da Mamãe Pingo, ressalta, é ser um ecossistema de cuidado, não apenas uma solução digital. “Um negócio nunca nasce pronto, nós vamos desenvolvendo o negócio na medida que nós vamos aprendendo com ele”.
Sua rotina é de agenda planejada, mas com flexibilidade para imprevistos. “Trabalho fim de semana, trabalho à noite, conforme a necessidade”. Para quem tem medo de empreender, ela aconselha: “Sentir frio na barriga faz parte. Só que tem que ser um frio na barriga que você dá conta de lidar”.
Um episódio pessoal marcante – ser uma sobrevivente de câncer de ovário – também a fez repensar sua contribuição para a sociedade. Seu sonho é que a Mamãe Pingo impacte cada vez mais famílias. “Lá na frente, quando a gente olhar para trás, possamos ver que fez a diferença na vida de uma família”.
Hayley de Paula, 55 anos – Brechó Balaio de Gatas
O empreendedorismo parece estar no DNA de Hayley de Paula. Filha de comerciantes, ela abriu sua primeira revistaria no Shopping Flamboyant aos 23 anos, seguida de um empório e um bistrô. Mas a ideia de montar um brechó já habitava seu imaginário desde os anos 2000, quando morou em Londres e frequentava estabelecimentos do gênero.
Em 2015, colocou o plano em prática, movida pelo desejo de criar um negócio sustentável na moda. “A indústria têxtil é responsável por impactos ambientais significativos”, alerta. Seu foco é vestir bem as pessoas com produtos de qualidade, muitas vezes inacessíveis nas lojas, evitando que peças sejam descartadas.
O grande desafio inicial foi enfrentar o preconceito em relação a comprar roupas usadas. Há onze anos, brechós no formato que ela idealizava – organizados, higienizados e com peças que não eram apenas vintage – eram uma novidade em Goiânia. “Fui um trabalho quase didático”, recorda com orgulho. Com o apoio de parentes e amigos, o Balaio de Gatas se estabeleceu e, desde o primeiro mês, tornou-se sua única fonte de renda. “Fizemos um negócio com base em pesquisas e experiências nos negócios anteriores, com planejamento”.
O diferencial do seu trabalho, ela avalia, está em três pilares: “Primeiro ter um bom atendimento, segundo acho que saber negociar compra e venda, e por último por já ter muito tempo no mercado”. Sua rotina no comércio é árdua e típica, com horários fixos e a constante necessidade de garimpar peças e enfrentar uma concorrência que cresceu muito.
Seu conselho para outras mulheres é que acreditem em seu potencial e não subestimem o valor da independência financeira. “Que acreditem, façam um planejamento, pesquisa e que se lembrem da importância da autonomia e da independência financeira, é libertadora”.
Karoline Gama, 39 anos – Nabeauty Goiânia
Aos 37 anos, com a vida mais estruturada, o desejo de Karoline Gama por autonomia e por fazer a diferença se tornou “inadiável”. Ela começou a pesquisar e amadurecer a ideia de ter seu próprio negócio, aguardando o momento certo. A inspiração veio da Natália Beauty, uma marca que ela admirava pelo crescimento, qualidade e impacto na autoestima feminina.
“Pensei: ‘É isso que quero trazer para Goiânia!’”. Seu marido, da área financeira, analisou o potencial e deu a segurança necessária para transformar o sonho em um plano sólido.
Como franqueada da marca, a Nabeauty Goiânia opera com protocolos exclusivos e foca em oferecer experiências transformadoras voltadas para sobrancelhas, lábios, cílios, pele e bem-estar. “Nosso foco principal é oferecer experiências transformadoras com serviços de alta qualidade e um atendimento impecável que eleva a autoestima de cada mulher”.
O início foi intenso, com desafios como a escolha do ponto ideal, a montagem e treinamento da equipe e a burocracia. “Superamos tudo com muito planejamento, o apoio essencial do meu marido na gestão financeira e, principalmente, muita resiliência”.
Com apenas seis meses de operação, o negócio ainda não é sua principal fonte de renda, mas o caminho está sendo traçado com foco total. “A meta é clara: em breve, será minha principal fonte, fruto de muita dedicação!”. O diferencial, ela acredita, é a combinação da excelência da marca com o toque pessoal de sua equipe. “Não vendemos só tratamentos; oferecemos uma experiência premium de cuidado e empoderamento feminino”.
Sua rotina é super dinâmica e imprevisível, sem um “dia típico”. “Aprendemos a planejar, mas também a ter jogo de cintura e flexibilidade para resolver tudo”. Para outras mulheres, seu conselho é não se paralisar pelo medo. “Pesquise muito, planeje cada detalhe… O planejamento é o que te dá segurança… E o mais importante: comece! O caminho se ajusta enquanto você anda”.
Seus sonhos futuros incluem consolidar a Nabeauty Goiânia como referência absoluta e, quem sabe, expandir para outras unidades. “O céu é o limite quando se faz o que ama e com excelência”.
Elizabeth Martins Camargo, 50 anos – Brechó da Elizabeth
Elizabeth Camargo tem um brechó diversificado, que atende a todos os públicos e estilos. “Eu tenho de tudo”, anuncia. Embora tenha suas preferências por peças clássicas em linho e algodão, seu acervo é eclético, com bolsas, sapatos, acessórios e jeans, garantindo que qualquer pessoa, independente da condição financeira, encontre algo que agrade.
Seu maior desafio no início foi não entender profundamente o negócio e a dificuldade em garimpar peças de qualidade, já que a concorrência não costuma compartilhar seus melhores fornecedores. Ela começou em feiras, mas a logística era desgastante. “Era um transtorno… as pessoas iam bem madrugadas para pegar os melhores lugares”. Optou então por abrir um brechó físico.
Começou em um espaço colaborativo com duas amigas, mas após um ano, cada uma seguiu seu rumo. Elizabeth permaneceu com o negócio, agora sozinha. O apoio da família foi crucial. Ela chegou a montar o brechó em um espaço ao lado da frutaria de seu pai, já idoso, para poder cuidar dele durante a pandemia. “O brechó lembra muito o meu pai… muito”, diz, comovida.
Seus filhos também a apoiam integralmente, ajudando desde a papelada do aluguel do novo espaço até as sessões de fotos. Hoje, o brechó é sua principal fonte de renda. “Eu vivo do brechó hoje”, afirma.
O grande diferencial do seu negócio, ela acredita, não está apenas nas peças, mas no atendimento. “Eu acabo ajudando-as a montar os looks… então eu monto os looks, eu já vou pegando e vou pondo vestindo isso com isso, vou montando os looks para elas”. Seu conselho para outras mulheres é poderoso: “Não tenham medo, vão com medo mesmo… Você põe o pé e Deus coloca o chão”.
Ela enfatiza que a vida é difícil de qualquer forma, então é melhor escolher um “difícil” que traga autonomia. “Difícil é difícil empreender… mas tudo é difícil. Então escolha o seu difícil”. Seus sonhos são de crescimento contínuo: um espaço maior, organizado, com café e uma pequena biblioteca. “Quero muito ter um espaço com café, sabe, com mesinhas, um cafezinho gourmet ali… um espaço gostoso para os clientes sentarem, para se sentirem bem dentro do brechó”.
Gleicy Borges da Silva, 36 anos – GB Calçados
O amor por sapatos e o desejo de criar algo com sua identidade deram origem ao sonho de Gleicy Borges. Sempre atenta aos detalhes, cores, conforto e estilo, ela percebeu uma carência no mercado: marcas que realmente pensassem na mulher real, que busca se sentir bonita e confortável em sua rotina multifacetada. “Essa conexão me fez acreditar que valia a pena arriscar, e foi daí que tudo começou”.
Trabalhando com coleções exclusivas e também com sapatos sob medida para eventos especiais, o foco da marca é fazer com que cada mulher se sinta única. “Não vendemos apenas sapatos, vendemos histórias, sentimentos e experiências”, descreve. O uso de cores vibrantes é uma de suas marcas registradas, representando alegria, força e autenticidade.
O início foi marcado pela falta de experiência e pelo desafio de conquistar a confiança do público. “Superei com persistência, muita dedicação e fé. Cada erro vem sendo aprendido, e cada conquista me motiva a continuar”.
Apoiada pela família e por “clientes-amigas”, Gleicy viu o negócio se tornar sua principal fonte de renda, em um caminho longo que exigiu reinvestir constantemente os lucros e se adaptar ao mercado. Sua rotina é intensa e variada, sem dois dias iguais.
“Empreender é viver em movimento. Mas é isso que torna tudo especial”. Seu conselho é um incentivo à ação: “Comece, mesmo com medo. Ninguém nasce pronta, a gente aprende no caminho… Tudo que é feito com amor, verdade e dedicação floresce no tempo certo. E a palavra chave sempre: persista!”. Para o futuro, ela sonha em ver a GB crescer, alcançando novas mulheres e levando sua essência colorida para outros cantos do Brasil. “Mais do que vender sapatos, quero continuar inspirando mulheres a acreditarem em si mesmas”.
Laura Caroline Samiana, 40 anos – Brechó Fashion Gyn
A confiança de uma cliente e uma profecia tornaram-se realidade para Laura Caroline Samiana. Por volta de 2005, enquanto trabalhava como vendedora em um brechó no centro de Goiânia, ela criava laços genuínos com as pessoas que atendia. “Certa vez estava na casa de uma amiga e recebi um aviso através de uma irmã chamada Dena… ela me disse que Deus ia me dar uma loja”, relata. Laura acreditou e correu atrás.
Seu brechó hoje se alinha com a moda circular, incentivando a reutilização de peças de qualidade. “Acredito que não existe roupa mais sustentável do que aquela que já existe”, defende. A inspiração para o negócio sempre veio das pessoas. “Me sentia e me sinto até hoje bem quando consigo indicar uma roupa que deixa alguém feliz, que eleva sua autoestima e principalmente com preço acessível”.
O principal desafio, que persiste até hoje, é o dilema de identificar quais peças valem a pena comprar e são mais comercializáveis. “Atender as expectativas dos clientes e fidelizar esses clientes” supera até mesmo as dificuldades com caixa e meios de pagamento. O grande diferencial, ela garante, está no atendimento personalizado. “É encontrar peças de valor e direcionar para os clientes certos, que a gente vai conhecendo ao longo do tempo e sabe de que tipo de roupa gostam”.
Sua rotina é dinâmica, começando cedo com mensagens, redes sociais e agendamentos, tudo conciliado com o atendimento presencial na loja. Para quem quer começar, Laura aconselha um estudo minucioso do público-alvo, fornecedores e custos, especialmente para quem pensa em uma estrutura física. “Digo isso, pois tem muitas oportunidades de negócio on-line e que reduzem custos”. Seu sonho futuro é concretizar a compra de um imóvel próprio para o negócio, um ponto com conforto, tamanho adequado e estacionamento. “Enfim, um sonho!!”.
Ítala Marcelly, 38 anos – Adelita Reusable
A vontade de empreender de Ítala Marcelly brotou de uma necessidade doméstica urgente. Em 2015, ao buscar alternativas às fraldas descartáveis para seu filho e não encontrar, ela criou a primeira fralda reutilizável com materiais que tinha em casa. “O que começou como uma solução urgente se transformou em um propósito: provar que é possível substituir o descartável por produtos duráveis, acessíveis e feitos de forma responsável”.
A inspiração para transformar a ideia em negócio veio da percepção do impacto ambiental e financeiro dos descartáveis. “Ao me deparar com dados de poluição… senti que estava ao meu alcance fazer algo”. Assim nasceu a Adelita Reusable, uma startup de impacto que “transforma o descartável em propósito”.
O foco principal é eliminar o descartável do cotidiano, criando produtos como fraldas ecológicas e ecoabsorventes a partir de resíduos têxteis, dentro da lógica da economia circular. O maior obstáculo inicial foi a resistência do mercado. “Superar isso exigiu persistência, aprimoramento constante e muita comunicação educativa com os clientes”.
O apoio veio principalmente dos clientes e de instituições como o Centro de Excelência em Empreendedorismo Inovador (HUB Goiás), e hoje a Adelita é sua principal fonte de renda, fruto de um crescimento gradual e da validação de um modelo de negócio viável.
O diferencial inegável da marca é gerar um impacto socioambiental mensurável. “Cada produto evita o descarte de resíduos e prolonga o ciclo de vida dos materiais”.
Sua rotina é imprevisível, envolvendo desde desenvolvimento de produtos até atendimento e mensuração de impacto. “Como trabalho com resíduos têxteis, sempre aparecem novos desafios criativos”. Seu conselho para outras mulheres é direto: “Comece com o que você tem, aprenda no processo e acredite no que está construindo”.
Para o futuro, Ítala sonha em expandir a capacidade produtiva, ampliar parcerias corporativas e buscar certificações internacionais de impacto. “O sonho é consolidar a Adelita Reusable como referência em soluções têxteis sustentáveis”.
Michelle Milograna Viana Carrara, 41 anos – BOX R1
Para Michelle Carrara, o empreendedorismo parece ser uma questão de DNA. “A vida toda eu vi meu pai empreendendo… então eu acho que já estava no meu DNA mesmo”. Formada em fisioterapia, nunca exerceu a profissão como CLT. Seu primeiro negócio próprio, uma loja de roupas infantis, surgiu do desejo de independência ao se casar.
“Eu nunca fui de ter medo de nada, eu sempre meti a cara”. Hoje, comanda o BOX R1, uma jantinha, distribuidora e empório cujo público-alvo é a família. “É o pessoal que sai do trabalho, passa, come um espetinho”. Localizada em uma região privilegiada, ela enxerga naquele espaço uma oportunidade sólida de crescimento.
A trajetória até ali foi marcada por perrengues, incluindo uma separação com duas crianças pequenas e um golpe financeiro. “O meu maior desafio foi realmente passar por essa etapa financeira que me prejudicou muito”. Superados esses obstáculos, seu maior desafio atual é a conciliação.
“É conciliar a vida de mãe, mulher e empreendedora”. Para isso, conta com uma rede de apoio fundamental: o pai, que é seu braço direito no negócio, a mãe, a avó e o esposo. “Ele me dá um suporte muito grande, tanto a questão dos meninos, quanto a questão emocional mesmo”.
O negócio já é a principal fonte de renda da família, e seu diferencial, ela acredita, é a proximidade. “Meus clientes… a gente já sabe que eles gostam de beber, como que eles gostam de beber, qual copo que eles gostam”.
Sua rotina é uma sucessão de desafios diferentes. “Nunca é igual, a gente chega às vezes na segunda-feira… de repente a gente tá aqui… a gente samba no meio do pessoal”. Seu conselho é fazer o que traz felicidade e não ter medo. “Quando a gente tem medo a gente paralisa”.
E ressalta a importância de ter ao lado pessoas que somam. “A pessoa que está do seu lado… tem que ser amigo, companheiro, namorado, esposo, psicólogo… Eu acho que o principal mal hoje de muitas mulheres é isso”. Seu sonho é comprar o local, expandir e se tornar uma referência. “Eu quero ajudar, eu quero fazer eles [funcionários] crescerem também, eu quero melhorar a vida deles, porque eu acho que ninguém cresce sozinho”.
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