Padre César Luís Garcia — 40 anos: a morte de um homem de bem e do bem
Sebastião Ferreira Leite
Especial para o Jornal Opção
Dia 10 de julho fez 40 anos que mudei para Goiânia, vindo de Campo Grande. Após sair do seminário Diocesano e concluir Filosofia, resolvi fazer Direito em Goiânia. Fui acolhido na Universidade Católica de Goiás (UCG) por Padre Pereira e Pedro Wilson.
Padre César foi a última ordenação de dom Fernando Gomes dos Santos. Muito novo, inteligente, culto, solidário e bom orador. O conheci no comitê de Pedro Wilson para reitor da UCG.
Estivemos lado a lado em muitas campanhas do PT. Foi duas vezes secretário de Cultura e assessor especial do ex-governador Marconi Perillo em um projeto de alta e fina tecnologia no Morro da Serrinha.
Na Paróquia Auxílio dos Cristãos se dedicou com esmero e carinho à sua conclusão. Me pediu ajuda para o piso do altar.
Padre César estava à frente do nosso tempo. Na Reitoria da Capela Nossa Senhora das Graças deu vida e construiu uma comunidade. Gostava de canto e fez da lembrança viva da antiga Santa Casa um espaço de culto de fé, esperança e caridade.
Na Paróquia de São Leopoldo do Jaó uniu a comunidade. A intriga conservadora por causa de uma bênção à união de dois filhos de Deus fez com que o arcebispo optasse pelo seu recolhimento para retiro e orações. Dom Washington é muito humilde e sábio. Afirmo com categoria que sofreu mais que padre César.
Padre César batizou meu filho Luís Felipe. Fui padrinho de inúmeros casamentos sob presidência dos nubentes.
Padre César foi professor da PUC e amava a França. A paróquia Nossa Senhora da Misericórdia foi um presente de Deus. Rosana e eu frequentamos a Paróquia e somos conselheiros. A missa das 11h30 é parte da nossa rotina. Somos dizimistas e ajudamos em tudo.
Há um ano estivemos na França. Rosana, Sophia, Maria Clara, padre César e eu. Descemos em Toulouse. Fomos em todas as igrejas. Vimos as relíquias de Santo Tomás de Aquino na Igreja dos Jacobinos. Rezamos para São Saturnino, arcebispo e mártir. Oramos na Igreja de Nossa Senhora Negra.
Fomos de carro a Lourdes. Foi um momento de fé e oração. Nas 13 vezes que estivera em Lourdes nunca havia tirado o santo terço. Entramos juntos para receber a água. Ficamos muito emocionados. Foi uma peregrinação.
Percorremos os Pirineus de carro. Lanchamos nos quiosques franceses e espanhóis. Conhecemos La Rioja e nos hospedamos em Donostia, nome basco de San Sebastian.
Viajamos de trem. Em Paris fomos à Sacre Coeur e celebrou a Santa Missa na Igreja da Medalha Milagrosa. No Panteão ficamos muito emocionados no túmulo de Vitor Hugo, Voltaire e Rousseau. Paris foi um lar para padre César.
Desafio da nova Paróquia Nossa Senhora da Misericórdia
No ano passado Padre César batizou uma família inteira. Menino e adultos. Todas as pessoas que queriam entrar para a herança dos filhos de Deus me procuravam e padre César orientava para o Batismo. A Páscoa deste ano foi inesquecível. A quinta-feira foi um ágape. Sexta-Feira foi uma reflexão profunda. Sábado e Domingo foram dias de Glória.
Padre César nos frequentava e éramos amigos. A sua triste partida não morreu em nosso coração. Rosana e eu temos como desafio construir uma nova sede da Paróquia Nossa Senhora da Misericórdia. Sejamos unidos neste momento de dor. Padre César Luís Garcia, rezai a Deus por nós. Era um homem de Deus, um homem de bem e do bem.
Sebastião Ferreira Leite, advogado, escreveu este texto na madrugada de sábado.
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