Três anos sem Iris Rezende: oportunidade para lembrar que a política é instrumento para criar um futuro mais próspero
Hoje, 9, completam-se três anos que Goiânia perdeu Iris Rezende. Além dos feitos administrativos, o ex-prefeito será lembrado pelo perfil austero, pelo trabalho incansável e pela proximidade com a população. Até os últimos anos de vida, quando enfrentava desafios de saúde, Iris fazia questão de estar presente nas inaugurações e nas reuniões públicas. Sua humildade e ética servem como exemplo de que a política pode ser feita com seriedade e compromisso.
A primeira vez que falei com Iris, como repórter, foi durante a cobertura de um acidente no Parque Multirama. O parque tinha sido um projeto de sua gestão, em 1969, e sua realização foi fruto de seu compromisso com a população mais carente da cidade. Na ocasião do acidente, Iris atendeu dezenas de pessoas enquanto se deslocava da entrada principal até o local onde um brinquedo havia quebrado. Atendeu a imprensa, sério e consternado com o que havia ocorrido. Mas não deixou, em nenhum momento, de demonstrar solidariedade e desejar melhoras para as vítimas.
Iris Rezende iniciou sua carreira política aos 21 anos, eleito vereador em Goiânia, e rapidamente ascendeu devido ao carisma, à habilidade em articular e à visão administrativa. Como prefeito de Goiânia nos anos 1960, mesmo enfrentando dificuldades durante o regime militar, destacou-se por obras de infraestrutura, incluindo pavimentação de ruas, construção de escolas e postos de saúde. Sua capacidade de traduzir promessas em realizações lhe rendeu popularidade e abriu caminho para ocupar os cargos de governador, senador e ministro de Estado.
Seu primeiro mandato como governador de Goiás (1983-1986) foi marcado por investimentos em estradas, escolas e hospitais, além de uma política de incentivo ao agronegócio que modernizou a economia goiana. Sob sua liderança, Goiás consolidou-se como um estado competitivo, voltado à exportação agrícola e com uma infraestrutura que favorecia o crescimento industrial.
Como ministro da Agricultura no governo de José Sarney, Iris Rezende foi peça-chave no Plano Cruzado, que buscava estabilizar a economia brasileira no período de transição para a democracia. Durante sua gestão, ampliou incentivos para o setor agropecuário, reforçando a posição do Brasil como potência agrícola global.
Sua atuação no cenário nacional também incluiu articulações importantes no PMDB (hoje MDB), partido em que militou por toda a vida. Como um dos líderes históricos da sigla, contribuiu para a democratização do Brasil e a construção de pontes entre diferentes correntes políticas, sempre buscando consensos em momentos de crise.
No Brasil atual, em que a política muitas vezes parece desconectada das reais necessidades da população, Iris Rezende emerge como um exemplo do político que ouve, age e deixa marcas. Seu legado reforça a importância de lideranças comprometidas com o bem coletivo, dispostas a enfrentar desafios e a construir pontes em tempos de polarização.
Três anos após sua partida, a memória de Iris continua viva nos parques, nas avenidas e, sobretudo, na memória de milhões de goianos. Sua história inspira não apenas Goiás, mas todo o Brasil, a acreditar que a política pode, sim, ser um instrumento para transformar realidades e criar um futuro mais justo e próspero.
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