Caso Marielle: Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz são condenados pelo assassinato da vereadora e do motorista

01.11.2024 01:05

Jornal Opcao

O 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro condenou, nesta quinta-feira, 31, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz pelos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes. Após 2.423 dias do crime, os réus confessos foram sentenciados. As penas ainda não foram anunciadas pela juíza Lucia Glioche

O julgamento durou dois dias, nos quais os promotores do Ministério Público, os advogados da acusação e da defesa apresentaram suas teses aos jurados. O MP solicitou a pena máxima de 84 anos para os crimes cometidos por Lessa e Queiroz.

Durante as audiências, o promotor Fábio Vieira descreveu como uma “farsa” o depoimento dos réus e afirmou que eles não demonstraram arrependimento, mas sim tristeza por serem capturados. Os promotores também ressaltaram a frieza com que Lessa relatou os eventos do crime.

O advogado de Ronnie Lessa enfatizou a importância de sua delação, que indicou outros supostos envolvidos, como Chiquinho e Domingos Brazão. Ele argumentou que Lessa não confiava nas instituições do Rio de Janeiro e pediu uma condenação justa, proporcional à culpabilidade do réu.

Por outro lado, a defesa de Élcio de Queiroz buscou atenuar a pena, alegando que ele não tinha conhecimento prévio do crime e não pretendia que outras pessoas fossem feridas. A advogada Ana Paula Cordeiro afirmou que Queiroz acreditava que apenas Marielle seria alvo do ataque.

O julgamento ocorreu 2.422 dias após a morte de Marielle e Anderson, em 14 de março de 2018, no Estácio, Zona Norte do Rio. As famílias e amigos das vítimas revisitavam memórias dolorosas, enquanto manifestantes de movimentos sociais protestavam em frente ao Fórum do Tribunal de Justiça.

Fernanda Chaves, a única sobrevivente do ataque, compartilhou suas angustiantes lembranças da noite do crime, enquanto a mãe de Marielle, Marinete Silva, expressou a dor da perda. A viúva de Marielle, a vereadora Mônica Benício (PSOL), ficou chocada ao saber que a morte foi uma execução, e a esposa de Anderson Gomes, Ágatha Arnaus, relembrou os momentos difíceis após a perda do marido.

O investigador da Polícia Civil, Carlos Alberto Paúra Júnior, detalhou os esforços da polícia para localizar o veículo utilizado no crime. A perita Carolina Rodrigues, embora ausente, afirmou em vídeo que a arma utilizada foi uma HK MP5, confirmando que o tipo de disparo exigia uma submetralhadora em modo automático.