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Guzzo excede às vezes. Mas, ao contrário do que diz Felipe Neto, sua voz não é a dos donos; é dele mesmo

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Num post do X, o yuotuber e escritor Felipe Neto desanca o jornalista José Roberto Guzzo, que escreve no “Estadão” e na “Revista Oeste”.

Polemista feroz, Guzzo se mantém em guarda, na trincheira, contra o governo do presidente Lula da Silva, do PT.

Como interpretar as críticas de Guzzo? Num país no qual se prefere o elogio fácil, seguido da bajulação desmedida aos poderosos do momento, seus petardos são bem-vindos, porque contribuem para reabrir o debate.

Por vezes, como quase todo mundo que escreve muito, Guzzo excede. Quem incendiou Roma? Não foi Nero. Foi Lula da Silva. O jornalista não diz isto, é claro, mas é como se dissesse.

A desgraça na Terra é o petista-chefe e seu governo — o que, claro, não é verdadeiro. O governo que Guzzo defendia, o do ex-presidente Jair Bolsonaro, era muito pior.

Entretanto, Felipe Neto erra quando diz que Guzzo, de 81 anos, escreve aquilo que os donos mandam.

De fato, quando se está numa redação, no estabelecimento da opinião de jornais e revistas, vale o que pensa o dono.

Talvez fosse assim quando o jornalista dirigiu a “Veja” — e muito bem, por sinal (a “Veja” se tornou uma grande revista mais em suas mãos do que nas de Mino Carta) —, mas não nos artigos que escreve há alguns anos. Diria que Guzzo é mais liberal do que conservador, embora liberais e conservadores no Brasil se irmanem. É provável que ele se considere conservador, como pensam seus adversários ideológicos.

Guzzo escreve muito bem e tem suas próprias ideias. Por isso, não é o recadeiro dos donos do “Estadão”, para citar um jornal.

O verdadeiro dono de Guzzo, além dele próprio, é a ideologia que professa — a liberal (faz uma defesa firme do mercado), no limiar do conservadorismo e moral.

Felipe Neto, de 36 anos, acertaria mais se dissesse que, mesmo antes de Lula da Silva apresentar suas ideias e projetos, Guzzo gritaria de sua tribuna: “O petista está errado”.

Quanto às críticas de Guzzo, e Felipe Neto precisa entender isto, resta sugerir que são necessárias. Governos que não resistem à crítica, que precisa desqualificar o crítico, o arauto, são, em geral, frágeis.

Há pouco tempo, Guzzo, por ter excedido no uso da liberdade de expressão, foi condenado pela Justiça. Na democracia é assim: se o jornalista se equivoca, passando dos limites legais, a Justiça está aí para decidir quem está certo.

Porém, as polícias morais, na questão de condenar opiniões divergentes, empobrecem o debate.

Ressalte-se que Felipe Neto já esteve entre os críticos do PT e de seus governos. Ao criticar os “adversários” de Lula da Silva, o jovem estaria tentando pagar seus pecados?

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