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Август
2024

Juiz Federal investigado por patrimônio incompatível relata retaliação de Carlinhos Cachoeira 

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Alderico Rocha Santos, juiz federal que atua em Goiás e é investigado por supostamente manter um patrimônio incompatível com seus rendimentos, relata sofrer ameaças do empresário Carlinhos Cachoeira. O magistrado escreveu em ofício à corregedoria do Ministério Público Federal (MPF) que Cachoeira afirmou que iria “desmoralizá-lo publicamente”.

O juiz responde a processo administrativo disciplinar (PAD) aberto pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) pela multiplicação de seu patrimônio em mais de 10 vezes. Segundo Alderico Santos, a desmoralização aludida por Carlinhos Cachoeira teria ocorrido com o vazamento do PAD em seu instagram. 

Após investigações do Ministério Público Federal, a procuradora Ana Paula Mantovani Siqueira pediu a aposentadoria compulsória de Alderico Santos, destacando que o juiz teria multiplicado o patrimônio em mais de dez vezes em tempo incompatível com o salário. O MPF afirma que ele não conseguiu comprovar a origem do dinheiro usado na compra de duas fazendas em Goiás, em 2022, ao custo de R$ 33,5 milhões.

No ofício enviado ao Ministério Público, o magistrado escreveu: “Este comunicante [Alderico] informa que em 2012, após decretar a prisão e condenar Carlos Augusto de Almeida Ramos, vulgo Carlos Cachoeira, e mais cerca de 50 policiais, o mesmo mandou a este requerente o recado de que ‘um dia’ iria desmoralizá-lo publicamente”, em referência à Operação Monte Carlo, de 2012.

Alderico Santos concluiu: “Cachoeira é quem mais divulga informações sigilosas no Instagram. Por oportuno, caso entendam-se presentes os requisitos de prisão preventiva de Carlos Cachoeira, como garantia de ordem pública, requer que seja analisada a viabilidade do requerimento da mencionada medida cautelar nos processos em fase de julgamento de recurso perante o TRF-1, já que se trata de coação contra este comunicante, em razão de ter julgado processo contra o mesmo.” 

Carlinhos Cachoeira publicou em seu perfil no Instagram: “O juiz federal afastado Alderico Rocha Santos quer me prender. Tudo porque tenho mostrado ao Brasil a vida paralela que ele mantém como fazendeiro milionário. Saiba: ainda nem comecei a mostrar. Pretendo revelar que ele é um bilionário mesmo sendo servidor público do Judiciário, o que não explica sua fortuna.” 

A defesa do Juiz

Em sua defesa, Alderico Santos alegou que os pagamentos se referem a imóveis vendidos pelo magistrado. Ele também atribuiu sua evolução patrimonial ao trabalho como juiz desde 1997, a dinheiro recebido do pai, venda de imóveis e rendimentos como sócio de um curso de disciplinas jurídicas, além da atividade pecuária. Os argumentos não foram acolhidos pela procuradora, que apontou a ausência de documentação que comprovasse as fontes de renda. 

“Dessa forma, não houve comprovação do desenvolvimento lícito do patrimônio do reclamado de modo a justificar a capacidade econômico-financeira revelada com a aquisição das fazendas referidas nestes autos pelo substancial montante de R$ 33.558.000,18”, concluiu.

Alderico Santos se defendeu da acusação. “Em 2004, 2005, eu já tinha 1.276 alqueires de terra, que era três vezes mais do que a terra que eu tenho hoje, que é de 400 e poucos alqueires, que corresponde a R$ 33 milhões. E, em 1991, por questão de direito hereditário, minha mãe faleceu, eu já tinha uma fazenda lá no Maranhão”, disse ao Metrópoles.

“Eu fui advogado da Caixa Econômica, juiz estadual, procurador da República, trabalhei em bancos. Então, quando eu ingressei na Justiça Federal, meu patrimônio já era três vezes mais do que o que eu tenho hoje”, reforçou. Alderico Rocha Santos responde a um processo administrativo disciplinar aberto pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) em dezembro de 2023. Ele foi afastado, pela Corregedoria do CNJ, das funções como juiz titular da 5ª Vara Federal da Seção Judiciária de Goiás e escalado como auxiliar na 16ª Vara Federal.

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